Fragatas da classe "João Belo" vão ser vendidas por Portugal à Marinha do Uruguai

Carlos Varela

A Marinha do Uruguai já deu o sim definitivo para a aquisição de duas fragatas portuguesas da classe "João Belo", estando agora a decorrer as negociações entre as autoridades dos dois países relativas à questão financeira.

O processo acaba por estar associado à aquisição para a Armada portuguesa de duas fragatas à Holanda (ler texto em baixo), que irão substituir os navios lusos que estão a ser negociados com o Uruguai.

As venda das fragatas portuguesas insere-se num pacote de venda de material militar em serviço nas Forças Armadas, que fora anunciado pelo então ministro da Defesa Luís Amado, envolvendo verbas da ordem dos 290 milhões de euros. A venda das duas fragatas está prevista na Lei de Programação Militar, envolvendo verbas da ordem dos 30 milhões de euros, mas é, no entanto, a primeira vez que há a intenção firme de um Estado estrangeiro na compra de material português.

As informações sobre o processo de negociação para venda das "João Belo" foram confirmadas ao JN pelo embaixador daquele país sul-americano em Portugal, Gaston Lasart, que adiantou que as negociações "estão a decorrer em Montevideo (capital do Uruguai) entre oficiais do Estado-Maior da Marinha de Guerra do Uruguai e a embaixada portuguesa".

De acordo com o diplomata, as "negociações começaram no início desta semana" e seguem-se a uma visita de uma delegação de "oito oficiais da Marinha do Uruguai que estiveram em Julho em Portugal, durante uma semana, para verificar o estado das fragatas portuguesas".

O relatório foi positivo e as autoridades dos dois estados entraram agora na fase negocial de venda, assim como da cadeia logística para sustentação das fragatas. Os dois navios, as fragatas "João Belo" e a "Sacadura Cabral" têm cerca de 40 anos, mas a Marinha do Uruguai tem a navegar dois navios similares - com origem na classe francesa "Comandant Riviére" -, o que poderá conduzir a cinergias entre as quatro fragatas no campo de manutenção e da instrução.

Se o negócio se concretizar, o Uruguai pretende manter as duas fragatas portuguesas a navegar durante sete anos até poder dispor de novos meios.

As "JB" estão, apesar da idade, em bom estado (fruto de bons cuidados e da modernização que sofreram nos anos 90), são relativamente económicas de manter, têm um pacote ASW moderno, poderão usar peças das suas Rivière, e a capacidade de embarcar cada uma cerca de 100-120 fuzileiros, o que vem dar uma capacidade de projecção anfíbia que a Marinha do Uruguai não tem.

Uma correcção ao artigo: não é a primeira vez que existe a intenção firme de compra de material à Marinha. No princípio dos anos 90, quando era intenção vender as 4 corvetas BA para ajudar a financiar as VG, a Colômbia quis comprá-las e chegou mesmo a assinar o acordo. Mas as críticas da NATO de que Portugal estava a exagerar nos cortes, e que a Marinha estava a ficar muito desfalcada, acabaram por abortar esta venda.

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