África do Sul e Brasil já trabalham no Programa do Míssil A-Darter

Keith Campbell - Engineering News


Uma equipe de especialistas do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), da Forca Aérea Brasileira (FAB), está agora na África do Sul para participar do desenvolvimento conjunto do míssil com aquele país do míssil ar-ar A-Darter (AAM), da empresa sul-africana Denel.

O contrato detalhando a participação brasileira no financiamento e desenvolvimento do A-Darter, foi assinado somente há algumas semanas, após vários atrasos, aparentemente solicitados pela África do Sul; os motivos dos atrasos são desconhecidos.

Originariamente, era previsto para ser assinado, em fins de março ou início de Abril.

O contrato é entre o Ministério da Defesa do Brasil e a FAB, por um lado e a Agência de Desenvolvimento e Compra de Matérias de Defesa, ARMSCOR, organização ligada ao Departamento de Defesa da África do Sul.

Assim torna-se um acordo de alto-nível entre os governos dos dois lados do Oceano Atlântico.

Uma parte do desenvolvimento do míssil A-Darter já foi realizada, financiada totalmente pela África do Sul.

Nos termos do acordo com o Brasil, o país sul-americano financiará 50% dos custos da finalização do desenvolvimento do míssil.

O Brasil reservou um valor de U$ 52 milhões de dólares para o Programa do Míssil A-Darter, mas alguns círculos da imprensa (Defesa@Net), estimam que o investimento do Brasil no Programa A-Darter pode alcançar U$100 milhões ou até superar esse valor.

Até o momento detalhes do programa do míssil A-Darter não foram revelados; mas a FAB tem declarado que espera que o míssil entre em serviço, em 2015, daqui a nove anos, o que indica que uma grande quantidade de trabalho ainda necessita ser feito.

O míssil A-Darter estava sendo desenvolvido pela organização estatal de defesa Denel, na Divisão de Mísseis e Veículos Aéreos Não-Tripulados (VANTS-UAVS), Denel Aerospace Systems (anteriormente conhecida como Kentron), sob contrato para a Armscor.

Os especialistas brasileiros, atualmente em número de cinco, estão trabalhando com seus parceiros sul-africanos no desenvolvimento do míssil. É previsto que uma ou mais empresas privadas do setor de defesa brasileiras, incorporem-se ao programa, em uma data futura.

O CTA tem mantido contatos com a "missile-house" brasileira Mectron (fabricante do primeiro míssil ar-ar brasileiro o MAA-1 Piranha, que será substituído pelo A-Darter), a fabricante de foguetes e veículos blindados AVIBRAS, e a software house e desenvolvedora de sistemas estratégicos ATECH.

Esse envolvimento é necessário pelo lado brasileiro, pois o CTA é um centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D), sem capacidade de industrializar e produção em série.

Interessante, que em artigo de 18 Outubro 2002, Engineering News informava que a Denel Aerospace Systems, então chamada Kentron, estava em conversações com as empresas Avibras e Mectron sobre possível cooperação em projetos de defesa.

O A-Darter será um míssil ar-ar de quinta geração, com guia térmica (infrared -IR, homing).

Por exemplo, o A-Darter terá um alcance maior que os atuais mísseis guiados por imagem térmica (os quais são de curto alcance) e terá, após o lançamento, capacidade de realizar giros de 180º e engajar alvos localizados atrás do avião lançador.

No meio tempo, está claro que a FAB não selecionará o míssil ar-ar BVR Além do Alcance Visual (beyond-visual-range) R-Darter da Denel.

O contrato irá para os israelenses, com o míssil BVR Derby da Rafael.

Na área de defesa circula a informação (nunca confirmada) que ambos os mísseis R-Darter e o Derby originam-se dos programas conjuntos de mísseis de Israel-África do Sul. O lado israelense, teve a vantagem de se beneficiar dos maiores orçamentos de pesquisa e desenvolvimento e as necessidades operacionais de Israel.

O Derby é, assim, mais avançado, com capacidades adicionais que o R-Darter.

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