Japão restabelece ministério da Defesa pela primeira vez desde 1945

(AFP) - O Japão, oficialmente pacifista, restabelecerá nesta terça-feira o ministério da Defesa pela primeira vez desde sua derrota na Segunda Guerra Mundial.

A decisão foi confirmada em dezembro pela Dieta (Parlamento), com o apoio do principal partido da oposição, que aderiu ao projeto de lei da maioria conservadora.

A decisão tem caráter simbólico, já que a Agência de Defesa, que atuava no lugar do ministério, já dispunha de recursos consideráveis.

Além do nome, a mudança representa a vontade do Japão de normalizar sua política de defesa e acrescentar seu papel militar a nível internacional após mais de 60 anos de doutrina pacifista.

O restabelecimento do ministério da Defesa é acompanhado por outro texto que transforma as operações no exterior em uma das missões "prioritárias" das Forças de Autodefesa (FAD: nome oficial do Exército japonês).

A Agência de Defesa, criada em 1954, depois da Guerra da Coréia, foi considerada durante muito tempo um simples anexo do ministério das Relações Exteriores.

"Porém, sua promoção ao grau de ministério está motivada por uma mudança do entorno de segurança de nosso país. Devemos conseguir que nossas forças de autodefesa sejam mais poderosas", declarou no fim de semana Fumio Kyuma, diretor da agência.

Kyuma, 65 anos, que tinha status apenas de secretário de Estado, se transformará na terça-feira no primeiro ministro da Defesa do Japão do pós-guerra.

A nova lei aumenta o controle civil dos militares.

Esta reforma, prometida pela direita que governa o país, integra uma profunda reestruturação da política de defesa japonesa, diante do crescimento do poderio militar da China, assim como dos mísseis e da ameaça nuclear da Coréia do Norte.

Para os analistas de segurança, a recente crise nuclear norte-coreana deu argumentos aos belicistas conservadores - como o premier Shizo Abe - que criticam a Constituição pacifista de 1947, que limita as ambições internacionais do Japão.

O artigo nove da Constituição, imposta pela ocupação americana, impede, a princípio, as FAD de participar em operações de defesa colectivas, assim como das missões internacionais de manutenção da paz.

Por meio de piruetas semânticas, o Japão conseguiu enviar, de maneira legal, 600 soldados ao Iraque até julho passado, no primeiro deslocamento militar nipônico em um cenário de guerra desde 1945.

Abe, um nacionalista pragmático, se comprometeu a revisar a Constituição antes do fim de seu mandato, ou seja, dentro de cinco ou seis anos, para dotar o Japão de verdadeiras "forças militares", capazes de intervir no exterior.

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