Licitação de Helicópteros: Ataque e Transporte

Nelson During O governo abriu uma licitação para a aquisição de dois lotes de helicópteros: um de transporte e outro de ataque. Esperada para o fim do ano de 2006 a licitação saiu agora. Os documentos do RFP (Request for Proposal) foram entregues pelos competidores à FAB, no dia 15 de Outubro.

Essa licitação que vinha gerando uma surda batalha, desde os primeiros movimentos, no final de 2006, atrai os holofotes não somente pela compra em si, mas pelo que sinalizará para as demais licitações dentro dos diversos Programas de Modernização da Forças Armadas prometido para o segundo mandato do Governo Luiz Inácio.

Após o fiasco internacional do Programa F-X, o Comando da Aeronáutica, o Ministério da Defesa e em especial o terceiro andar do Palácio do Planalto devem levar a um porto seguro o processo, que está em curso. A Licitação

A presente licitação segue um caminho diferente até então adotada pela FAB ao colocar como órgão que a gerenciará o Centro Logístico da Aeronáutica (CELOG), sediado em São Paulo, ligado ao Comando-Geral de Apoio (COMGAP), e não a um órgão como a COPAG ligado ao DEPED.

Com as saídas do Ministro Luiz Furlan, do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, grande incentivador de uma compra direta de helicópteros russos, em troca por carne de frango, e do Comandante da Aeronáutica Brigadeiro Silva Bueno, acreditava-se como morta a presente licitação.

Porém no segundo semestre de 2007 ela ressurgiu via o COMGAP e em tempo recorde foi lançado o RFI (Request for Information) e o RFP (Request for Proposal).

No dia 15 de Outubro foram entregues as propostas de três fabricantes estrangeiros às duas licitações.

Os Modelos

Os modelos oferecidos pelas empresas que responderam ao RFP foram: Eurocopter (Alemanha-França), AgustaWestland (Itália) e Rosoboronexport (Rússia), e os modelos são os seguintes:

Helicóptero de Transporte
Fabricante
País
Modelo
AgustaWestland Itália EH101 Merlin
Eurocopter França/Alemanha EC-725
Rosoboronexport Rússia Mi-171V

Aqui a vantagem aparente é da Rosoboronexport que oferece um modelo de custo mais baixo do que seus concorrentes. Em especial a Eurocopter que teve de oferecer um modelo de maior capacidade de carga e mais avançado, o EC-725 é a última versão do Cougar, e a versão C-SAR, chamada Caracal, está operando no Afeganistão com as Forças Especiais Francesas. O Cougar está em operação pelo Exército Brasileiro.

Outro ponto é que a versão civil do Mi-171V já está certificado para operar no país desde Junho de 2005 em operações off-shore.

Helicóptero de Ataque
Fabricante
País
Modelo
AgustaWestland Itália AW 109LUH
AW 129
Eurocopter França/Alemanha Tigre
Rosoboronexport Rússia Mi-35M

A AgustaWestland propôs um mix de modelos o leve AW109LUH, de menor custo, com um sistema de armas flexível e o conhecido AW129 (anteriormente conhecido como Mangusta), mais caro, em operação no Exército Italiano. A oferta pode ser um mix dos dois helicópteros ou um modelo somente.

A Rússia apresentou o conhecido Mi-35M.

A Eurocopter apresentou o mais caro de todos os modelos de helicópteros de ataque oferecidos, o Tigre/Tiger, que está sendo fornecido para vários países europeus (Alemanha, França e Espanha) e a Austrália.

Detalhes

Uma análise preliminar sobre os possíveis custos dos modelos oferecidos indica um vencedor, a Rosoboronexport. Porém os outros dois fabricantes mostram confiança no seu conjunto de propostas industriais.

Podermos ter finalmente uma presença mais atuante do Grupo italiano Finmeccanica que é a Holding da AgustaWestland.

O mesmo para a Eurocopter, que tem uma fábrica no Brasil, a Helibrás, em Itajubá (MG) e a EADS, sua Holding, já atua no Brasil já há bastante tempo.

Os representantes das empresas foram módicos nas palavras. O representante da Rosoboronexport no Brasil não quis dar detalhes da oferta, nem confirmar os modelos oferecidos pela sua empresa.

O representante da AgustaWestland, Comandante (R1) Roberto Duhá, mencionou a presença forte do modelo leve biturbina AW109, que deverá ter 85 unidades operando no mercado civil do Brasil, até 2010. O helicóptero EH101 Merlin já foi demonstrado para a Marinha do Brasil em anos recentes.

Eduardo Marson, Gerente Geral da EADS no Brasil , lembra a forte presença do grupo no Brasil, a Helibras e a próxima transferência da produção de estruturas de material composto para o país. As três forças militares usam modelos de helicópteros produzidos pela Eurocopter, sendo alguns produzidos no Brasil.

O Futuro

As perspectivas da licitação estão em uma zona cinza já que o Ministro da Defesa menciona de que qualquer compra militar o item de "Transferência de Tecnologia" será fundamental e que nenhuma aquisição da área de defesa será feita antes de apresentado o Plano Nacional Estratégico de Defesa, previsto para Setembro de 2008.

A quantidade de helicópteros a ser adquirida é de 10-12 unidades em cada modelo (ataque e transporte), porém pode ser reduzido se o custo for maior do que o esperado. A verba disponível é de 300-400 milhões de dólares. Não há notícias sobre os meios de financiamento dessas licitações.

A definição de a FAB adquirir um helicóptero de ataque, e não tradicionalmente o Exército como ocorre na maioria dos países está nas palavras do então Comandante-Geral do Ar, Brigadeiro J. Carlos em entrevista a Defesa@Net, em 2003, ao detalhar o perfil de operações futuras da FAB.

A definição das licitações de ambos os modelos de helicópteros está prevista para Março de 2008.

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