Medo de demissões na Avibrás

Patrícia Nakamura

Os funcionários da Avibrás, fabricante de material bélico de São José dos Campos (SP), vão se reunir em assembléia amanhã com o Sindicato dos Metalúrgicos local para discutir o atraso no pagamento dos salários e o temor de demissões. De acordo com o presidente da entidade, Edmir da Silva, a Avibrás teria atrasado o pagamento em dezembro e não teria pago o 13º salário. Os funcionários que recebem a partir de R$ 1,5 mil estariam com os salários atrasados desde outubro.

Procurada pelo Valor, a Avibrás não quis se manifestar sobre a situação financeira da companhia. "Vamos cobrar uma posição da empresa. Queremos o pagamento dos salários atrasados e a garantia dos empregos", afirmou Silva. No fim de dezembro, os funcionários da Avibrás realizaram uma paralização para reivindicar os salários atrasados.

Atualmente, cerca de 80% dos 1,2 mil funcionários da companhia estão em licença remunerada (que não vem sendo paga). Os 20% restantes trabalham para atender a pedidos de produção de peças para as unidades da Volkswagen em Taubaté e em São Bernardo do Campo (ambas em SP). Desde que perdeu fôlego com a falta de encomendas de material bélico do governo brasileiro, a partir de 1989, a empresa teve que diversificar suas atividades e tentou buscar encomendas no mercado externo. Possui unidades de produção e equipamentos aeroespaciais e defesa, eletrônica, telecomunicações, transporte e química. De acordo com informações de mercado, em 2006 a empresa teve prejuízos de R$ 70 milhões, o mesmo resultado negativo obtido em 2005. A empresa tem capital fechado. O presidente da empresa, João Verdi, é o principal sócio da Avibrás.

Segundo Silva, diretor do sindicato, as oscilações no fluxo da produção (longos períodos de inatividade após a finalização de pedidos) e atrasos nos pagamentos ocorrem desde o fim dos anos 90, mas a empresa sempre teria acertado os salários e multas. "Esperamos que a conduta da empresa seja semelhante", afirmou.

A Avibrás foi fundada em 1961 e foi pioneira no setor aeroespacial. Participou da implementação do programa aeroespacial brasileiro. Fez uma parceria com a russa Rosoboronexport para participar do primeiro programa FX, de renovação dos caças da Aeronáutica. O projeto foi cancelado pelo governo brasileiro.

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