O Xadrez das Asas Rotatórias

A licitação dos helicópteros de ataque continua, porém o governo manteve em suspenso a licitação para os helicópteros de transporte. Aqui começa uma complexa partida de xadrez jogada na: FAB, Ministério da Defesa, Governo, incluindo o próprio Palácio do Planalto e grupos industriais nacionais e estrangeiros. O governo menciona que a licitação dos helicópteros de transporte será mantida em suspenso até que saia uma definição das propostas apresentadas pelo grupo EADS/Eurocopter para a instalação de uma linha de produção no Brasil do helicóptero de transporte Super Cougar. Foi montado um Grupo de Trabalho Interministerial (Ministérios da Defesa e da Indústria e Comércio) para avaliar a proposta. Os três Comandos Militares participam do GTI através dos seus centros de aviação. Também a área financeira está presente com o BNDES e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Há uma certa impaciência russa pois o que membros da administração brasileira ao fim do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio tinham sinalizado ao governo russo era de um processo relativamente tranqüilo com o casamento de interesses brasileiros e russos: exportação de carnes e derivados do Brasil e a venda de produtos de defesa pela Rússia. Porém foram atropelados pela proposta do grupo EADS e também pelas diversas rearticulações que estão ocorrendo na base da indústria de defesa da Rússia na preparação da passagem do governo Putin para o de Medvedev. Os russos sempre consideram que o primeiro negócio na área de defesa de um país é sempre através dos helicópteros. Na Venezuela os primeiros produtos a serem negociados e recebidos foram os helicópteros Mi-35M e o Mi-17. Para o grupo AgustaWestland considerado como um outsider viu ser alçado em paridade com o Mi-35M e poder ganhar uma concorrência que nem estava em suas pretensões. Também o reforça para outras batalhas no Brasil e na América Latina. A decisão A FAB anuncia a decisão para fins de Abril ou início de Maio o que pela história recente desta licitação é bem plausível de realmente acontecer. Porém a decisão talvez não fique só no âmbito das avaliações: técnicas, operacionais e financeiras. Há uma série de desdobramentos possíveis na escolha do modelo de helicóptero de ataque da FAB, listamos alguns: 1 – A escolha de um helicóptero russo tiraria um pouco da pressão sobe o governo para maiores compras da Rússia; 2 - Por outro lado poderia indicar que o Brasil estaria na órbita do Presidente Hugo Chávez; 3 – A escolha de um helicóptero italiano seria interessante porém reforçaria as pressões russas, e um possível embargo às exportações de carne brasileira para a Rússia, e, 4 – Para os fabricantes ocidentais: Bell, Boeing, Sikorsky e Eurocpter a escolha da AgustaWestland seria entronizar um duro concorrente no mercado internacional. Uma visão da própria licitação vem da Rússia, com ironia e certo constrangimento, um representante do complexo industrial de defesa russo afirmou à DEFESANET, durante a FIDAE 2008, recém realizada no Chile: “As vendas de nossas armas para a Venezuela abriram o mercado da América Latina aos nossos concorrentes”. Portanto a decisão não estará só na performance, apoio logístico e custos dos modelos, mas no caminho de longo prazo que o governo brasileiro projeta à frente entre estes o programa de caça F-X2. A decisão desta licitação sinalizará vários cenários futuros tanto no campo de asas rotativas como outros projetos de defesa.

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