Cooperação estrangeira

Agentes dos EUA e de Israel foram essenciais no resgate



Pedro Paulo Rezende
Da equipe do Correio

Uma equipe internacional apoiou o Exército colombiano no planejamento da operação que libertou a ex-senadora Ingrid Betancourt dos guerrilheiros da Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). O ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, contratou uma equipe de ex-militares israelenses em 10 de agosto do ano passado. O grupo inclui três generais, um oficial superior, um exoficial argentino e três tradutores. O serviço custou US$ 10 milhões e abrange treinamento de interrogatórios, análise de informações e uso de armas israelenses. O pacote foi negociado com o apoio do ex-ministro da Defesa do Estado judeu, Shlomo Ben Ami. Além disso, houve participação de membros da DynCorp e da Blackwater, as duas maiores empresas de segurança privada do mundo, e da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA).

A DynCorp e a Blackwater, que têm conexões com o governo dos Estados Unidos, ajudam na segurança da Zona Verde, área mais protegida de Bagdá, e da escolta de autoridades estrangeiras no Iraque. As duas disputam um gordo contrato, estimado em US$ 2 bilhões, estabelecido pelo Departamento de Estado, para criar um plano de combate ao narcotráfico na Colômbia. A CIA forneceu inteligência obtida a partir de monitoramento por satélite das comunicações das Farc pela internet e por celulares. O código utilizado pela guerrilha está comprometido desde a morte, em 1º de março, de Raúl Reyes, responsável pela relação internacional do grupo, e os sucessivos golpes infringidos pelas autoridades colombianas aos rebeldes não permitiram sua substituição.

Esses fatores, somados à inteligência obtida por interrogatório direto de integrantes das Farc que se renderam, foram imprescindíveis para o sucesso do resgate. As forças especiais empregadas na operação participaram, desde maio, de um treinamento especial dado pelos assessores militares israelenses na base de Tolemaida, no departamento (estado) de Cundinamarca, a 240km da capital, Bogotá. Lá, instrutores norte-americanos apóiam o Exército colombiano em um curso de contrainsurgência.

Ainda há poucos detalhes da ação, mas, segundo fontes brasileiras de inteligência, houve interferência nas comunicações do grupo guerrilheiro. Os militares colombianos empregaram um helicóptero Mil Mi171 descaracterizado, do Exército. O modelo também é usado pelo Exército e pela Força Aérea da Venezuela e foi acionado pelo presidente Húgo Chávez em sua malfadada operação de libertação de reféns, em dezembro do ano passado. O fato de os dois exércitos usarem praticamente o mesmo tipo de aeronave reduziu a desconfiança do grupo responsável pelo cativeiro e evitou mortes.

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