Conselho de Segurança da ONU busca solução para conflito na Ossétia do Sul



O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) fará nova reunião neste sábado, na esperança de entrar em acordo para pedir o cessar-fogo dos conflitos que ocorrem na região separatista da Ossétia do Sul, entre tropas da Rússia e da Geórgia. Será o terceiro encontro do grupo sobre o assunto.

O embaixador belga Jan Grauls tem conversado individualmente com membros do Conselho de Segurança (CS) para produzir um documento que peça que todos os envolvidos voltem atrás. Não está claro se Grauls conseguirá costurar um acordo sobre o assunto.

A Geórgia lançou um cerco à Ossétia do Sul na última quarta-feira, enviando tanques para a capital separatista. Em resposta, a Rússia lançou bombardeios e realiza sobrevôos na região. O governo de Tblisi pediu apoio à ONU (Organização das Nações Unidas) e acusou a Rússia de atacar a capital, portos e bases aéreas do país.

Depois de ouvir representantes da Geórgia e da Rússia na sexta-feira (8), o CS não chegou a uma solução para o caso, com os Estados Unidos e o Reino Unido se colocando do lado da Geórgia --a maior parte dos membros continua pedindo um cessar-fogo.

Os enviados da Rússia e da Geórgia trocaram acusações durante a reunião do CS de ontem. O embaixador russo da ONU, Vitaly Churkin, disse que a Geórgia estava deliberadamente mirando as forças de paz russas na Ossétia do Sul.

O embaixador da Geórgia, Irakli Alasania, rechaçou as acusações russas, dizendo que Tbilisi está apenas se defendendo da agressão russa. Ele afirmou que a Rússia estava bombardeando alvos civis e a infra-estrutura na Geórgia.

Informações não oficiais indicam que o confronto na Ossétia do Sul e em outros locais da Geórgia já deixou de 2.000 a 4.000 mortos desde a intensificação dos conflitos, na quinta-feira (7).

Sangue

O primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, acusou a Geórgia de procurar "aventuras sangrentas" e de tentar empurrar outros países para um conflito militar na Ossétia do Sul. "A aspiração da Geórgia em integrar a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) é movida pela tentativa de levar outras nações e pessoas em aventuras sangrentas", disse Putin, durante encontro na cidade russa de Vladikavkaz.

Ele defendeu as incursões de seu país na Ossétia do Sul e pediu que a Geórgia interrompa a "agressão" contra a região separatista.

Já o governo da Geórgia pediu um cessar-fogo imediato na região. Em visita a um hospital de Tbilisi (capital do país), o presidente Mikhail Saakashvili disse que "a Geórgia está disposta a impor um cessar-fogo em Tskhinvali e iniciar negociações com a Rússia".

"Dirigi-me ao presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, com a proposta de deter juntos esta demência", disse.

Durante uma conversa telefônica com o presidente norte-americano, George W. Bush, o presidente russo pôs como condições a retirada das tropas da Geórgia. Mas a presidência, a chancelaria e o Ministério de Defesa russos dizem não ter recebido "nada" da parte georgiana.

"Por nenhum canal recebemos contato dos dirigentes da Geórgia direcionados ao presidente da Rússia", diz a assessoria de imprensa do Kremlin. "Não sabemos de nada, mas antes [os georgianos] devem fazer outra coisa: retirar suas tropas e armamento e deixar de matar gente na Ossétia do Sul", comentou o Ministério da Defesa.

Apelo

Bush, declarou neste sábado, em Pequim, que a situação na Ossétia do Sul "pode ser resolvida pacificamente", e pediu que a Rússia se junte aos esforços internacionais para conseguir uma mediação ao conflito.

Em declaração lida, na qual não aceitou perguntas, Bush disse que está "profundamente preocupado" com a escalada de violência entre Rússia e Geórgia, e repudiou os ataques realizados "longe da zona de conflito", em referência às acusações georgianas de que os russos bombardearam zonas fora da área em disputa.

Já o ministro de Exteriores britânico, David Miliband, pediu que os governos envolvidos parem os combates e comecem negociações de paz "o mais rápido possível".

Em comunicado, Miliband, que está em conversas com ministros na Europa e nos Estados Unidos, anunciou que enviará à Geórgia o representante britânico para o Cáucaso Sul, Brian Fall, como parte da missão da UE (União Européia) e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

O ministro disse que o governo britânico está "profundamente preocupado" com a violência na Geórgia, e disse que a escalada dos combates é "perigosamente desestabilizadora" e há risco de baixas civis em grande escala.

Conflito se alastra

A Geórgia decretou neste sábado estado de guerra, em razão das proporções que o conflito tomou, espalhando-se inclusive para outras regiões.

A Abkházia, outra região separatista da Geórgia, informou neste sábado ter dado início a uma operação militar para expulsar forças georgiana de uma região disputada, possivelmente abrindo um segundo foco de conflito.

O ministro da região separatista, Sergei Shamba, afirma que a artilharia da Abkházia e e aviões atacaram forças da Geórgia em Kodori, uma área estreita que corta seu território e é uma rota ideal para qualquer invasão na região.

Considerada uma importante rota de transporte de petróleo e gás natural na fronteira russa, a Ossétia do Sul autoproclamou independência da Geórgia em 1992, após a queda da União Soviética. O território conta com o apoio de Moscou para a separação --inclusive por abrigar muitos cidadãos russos--, mas a Geórgia não reconhece a independência.

Os episódios recentes causam temor na região graças às ameaças de reativar o conflito que deixou 2 mil mortos entre 1990 e 1992.

Com agências internacionais

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