Navio dos EUA chega à Geórgia

Americanos desembarcam 55 toneladas de comida e donativos para dezenas de milhares de civis desalojados pelo conflito com a Rússia. Sarkozy convoca cúpula extraordinária da União Européia



Da Redação

USS McFaul

Sob advertências veladas do comando militar russo, que acusa os adversários de acirrar as tensões na conflituosa região do Cáucaso, um navio militar norte-americano atracou ontem no porto de Batumi, na Geórgia, com ajuda humanitária para dezenas de milhares de desalojados pelos combates das últimas duas semanas com a Rússia. Menos de 100km ao norte de Batumi, tropas enviadas por Moscou continuavam em posição no porto de Poti, na região separatista da Abcásia. A breve guerra foi deflagrada pelo ataque das forças georgianas, na noite de 7 para 8 de agosto, contra a Ossétia do Sul, outra região governada por separatistas pró-Moscou. Em resposta, tropas russas invadiram as duas regiões e avançaram para território georgiano, de onde se retiraram no fim da semana, sob pressão internacional.

Um guindaste desembarcou em Batumi 55 toneladas de donativos enviadas no destróier USS McFaul. O ministro georgiano da Defesa, David Kezerashvili, fez questão de subir a bordo para brindar com os comandante do navio americano, Timothy Schorr. Outros países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan, bloco militar liderado pelos EUA) anunciaram o envio de embarcações para o Mar Negro, com a missão oficial de dar apoio a operações humanitárias. A Rússia, que mantém na região uma importante divisão de sua Marinha — a Frota do Mar Negro — e chegou a impor um bloqueio naval à Geórgia durante o conflito, se referiu à iniciativa da Otan como “uma provocação”.

Foi em termos equivalentes que o porta-voz do Ministério da Defesa georgiano, Shota Utiashvili, se referiu à explosão de um trem carregado de combustíveis perto de Gori, cidade próxima à capital, Tbilisi, e aos limites da Ossétia do Sul. Até meados da semana passada, tropas russas ocupavam Gori, e Utiashvili sugeriu que o trem-tanque teria se chocado com uma mina plantada na ferrovia pelas forças russas. Segundo o relato dos militares georgianos, os ocupantes causaram também uma série de explosões em um arsenal que haviam pilhado, nas imediações da cidade. A ferrovia, que liga Tbilisi ao litoral do Mar Negro e segue em direção à Turquia, escoa petróleo e derivados produzidos no Azerbaijão.

“É uma conexão vital não apenas para a Geórgia, mas para a economia dos países vizinhos”, disse o premiê georgiano, Lado Gurgenizdze.

Europa

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, que exerce neste semestre a presidência rotativa da União Européia (UE), convocou para o próximo domingo, em Bruxelas, uma reunião de emergência dos chefes de Estado e governo do bloco. O encontro de cúpula, articulado a pedido de “vários paísesmembros”, segundo o gabinete de Sarkozy, discutirá a crise no Cáucaso, a ajuda humanitária à Geórgia e o futuro das relações da UE com a Rússia.

Sarkozy, que mediou um acordo de cessar-fogo assinado na semana passada pelos governos de Moscou e Tbilisi, subiu o tom das cobranças ao governo russo. O presidente francês engrossou o coro da primeira-ministra alemã, Angela Merkel, e de outros governantes europeus que exigiram com firmeza da Rússia que conclua a retirada total das forças enviadas à Geórgia no início do mês. O Kremlin alega que manterá cerca de 2 mil efetivos nas regiões da Ossétia do Sul e da Abcásia, nos marcos do acordo de paz firmado em 1992 entre o governo georgiano e os líderes separatistas, com aval de Moscou.

“A ferrovia é uma conexão vital não apenas para a Geórgia, mas para a economia dos países vizinhos” (Lado Gurgenizdze, primeiro-ministro da Geórgia, sobre a explosão de um trem-tanque perto de Gori)

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