Tropas ocupam 'currais' do crime

Cerca de 3.500 militares chegam hoje a sete comunidades na capital e em Campos



Elenilce Bottari

Quase um mês após a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tropas militares começam hoje a ocupar áreas da cidade controladas por grupos armados de traficantes e milicianos. Cerca de 3.500 militares do Exército e da Marinha, além de policiais militares, iniciam de manhã a Operação Guanabara, que ocupará, de forma itinerante, 27 comunidades no estado para garantir o direito de ir e vir de eleitores e candidatos até a eleição de 5 de outubro.

Para evitar que crianças corram risco, como retaliações do tráfico de drogas, os militares foram orientados a entrar nas favelas após o início do horário escolar. Em Campos, o Exército iniciará uma ocupação permanente até a eleição. A preocupação do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) é inibir a compra de votos em Campos. Também haverá tropas em Caxias e São Gonçalo.

Por volta de 9h, tropas do Exército ocuparão as favelas de Rio das Pedras, Gardênia Azul e Cidade de Deus, em Jacarepaguá. Soldados da Marinha estarão em Vila do João, Conjunto Esperança, Vila dos Pinheiros e Nova Holanda, no Complexo da Maré. Em cada local, a operação será comandada por um general de Exército ou comandante de Marinha. O comando geral ficará a cargo do general da I Divisão de Exército, Rui Monarca da Silveira.

Ontem, durante entrevista no Comando Militar do Leste, o porta-voz da Operação Guanabara, coronel André Luis Novaes, explicou que as tropas ficarão três dias em cada comunidade, período em que os candidatos poderão fazer suas campanhas. O oficial realçou que as Forças Armadas não estarão nesses locais para dar segurança às campanhas dos candidatos, e sim para garantir direitos dos eleitores:

- Nosso objetivo é garantir o direito de ir e vir, o direito de expressão e o direito de escolha dos cidadãos.

Operação contará até com blindados

Perguntado sobre a eficácia de uma ocupação de apenas três dias em regiões que estão sofrendo imposição de candidatos de grupos armados, o coronel Novaes explicou que as normas foram definidas e aprovadas pela Justiça Eleitoral:

- As normas de conduta foram aprovadas pelo TRE, pelo TSE, pelo ministro da defesa (Nelson Jobim) e pelo presidente da República (Luiz Inácio Lula da Silva). Essa ocupação não é uma operação de segurança pública nem de polícia.

Além das tropas de Minas e do Rio, a operação terá reforço de helicópteros do Exército em Taubaté (SP). Para os casos de conflitos, também poderão ser usados blindados. Nas áreas ocupadas haverá postos itinerantes da fiscalização da propaganda eleitoral, com a presença de um juiz eleitoral.

Ontem, o coordenador da operação pelo TRE-RJ, juiz Luiz Márcio Pereira, reuniu-se com os partidos políticos. Luiz Márcio orientou os representantes jurídicos a solicitar por ofício à presidência do tribunal, até as 18h do dia anterior, o acesso às áreas ocupadas para fazer campanha. Caberá aos partidos distribuir os horários de campanha entre os candidatos. A recomendação do TRE é a de que os partidos se organizem para que candidatos de diferentes partidos não entrem na mesma hora nas áreas policiadas.

Por questões de segurança, os partidos terão das 12h às 18h para a campanha nas áreas ocupadas. O presidente do comitê partidário, Joel Montenegro, disse que caberá às bancadas dos partidos decidir o que farão. Muitos candidatos não querem ver sua imagem associada à presença de forças militares nas comunidades.

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