Evento no RJ relembra os 64 anos da chegada da FAB à 2ª Guerra Mundial

Cecomsaer

Houve um tempo em que homens comuns, de várias partes do mundo, foram convocados para realizar coisas extraordinárias. Eram os dias difíceis da 2ª Guerra Mundial e a Europa estava sob o jugo nazista. Desde então, todos os anos, remanescentes dessa geração da Força Aérea Brasileira (FAB), além de militares de outros importantes períodos da história mais recente da aviação de caça, encontram-se no Rio de Janeiro para lembrar a chegada do Brasil ao teatro de guerra.

No sábado (dia 4), ex-integrantes do Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA) mantiveram a tradição de 64 anos e recordaram o desembarque no Porto de Livorno, em 6 de outubro de 1944. A bordo do navio Colombi, pilotos, intendentes, mecânicos, entre outras especialidades, deram início a um dos capítulos mais importantes da história da aviação de caça brasileira. Um em cada três pilotos brasileiros foi abatido nos céus da Itália. Cinco deles morreram em combate. Três, em acidentes. Outros, foram feitos prisioneiros.

No evento, os veteranos do Esquadrão Jambock entregaram a medalha dos 60 anos do grupo de caça ao Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro-do-Ar Juniti Saito, em consideração ao seu importante papel na FAB hoje, como destaca o Major-Brigadeiro-do-Ar Ref Rui Moreira Lima, que participou de 94 missões na Europa. Uma nova medalha comemorativa é lançada a cada 10 anos.

Até o início dos anos 80, o “Picadinho Jesus Tá Chamando”, como ficou conhecido o almoço que recebeu os brasileiros da FAB na Itália, era realizado na casa do primeiro comandante da unidade, Brigadeiro Nero Moura, que faleceu em 1994. Na época, segundo os veteranos, o Patrono da Aviação de Caça fez questão de que o evento passasse a ser realizado no Clube de Aeronáutica, exatamente para que não se perdesse a tradição. Hoje, o almoço é organizado pela Associação Brasileira dos Pilotos de Caça (ABRAPC), com a participação dos veteranos.

No momento mais emocionante do reencontro, o Major-Brigadeiro-do-Ar Ref. José Meira de Vasconcelos leu os nomes dos veteranos falecidos no último ano, repetindo uma tradição que começou durante a guerra. A cada menção, em coro, todos gritavam: “Presente!”. Ao final, os Jambocks que não estão mais presentes receberam um “Adelphi”, uma homenagem criada para lembrar os companheiros perdidos em combate.

Estiveram presentes ao evento o ex-ministro da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro-do-Ar Sócrates da Costa Monteiro, e o ex-comandante Tenente-Brigadeiro-do-Ar Carlos de Almeida Baptista, além do Chefe de Gabinete do Comando da Aeronáutica, Major-Brigadeiro-do-Ar Aprígio Eduardo de Moura Azevedo, o Comandante do Terceiro Comando Aéreo Regional (III COMAR), Major-Brigadeiro-do-Ar Marco Aurélio Gonçalves Mendes, o Chefe do Estado Maior do Comando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR), Major-Brigadeiro-do-Ar Nivaldo Luiz Rossato, e o Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER), Brigadeiro-do-Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, entre outras autoridades.

No evento, o Chefe do CECOMSAER recebeu do Major-Brigadeiro Moreira Lima dois volumes de atas com histórias e registros do 1º GAVCA. Nesse material, estão manuscritas experiências dos veteranos. "A história precisa ser preservada", disse o Jambock.

Saiba mais - Em reconhecimento ao desempenho, o Coronel Ariel Nielsen, comandante do 350th Figther Group USAF, unidade integrada pelo 1º GAVCA, recomendou ao XXII Comando Aerotático que a unidade brasileira recebesse a Citação presidencial. "Nas perdas que sofreram nessa ocasião, como também em muitos ataques anteriores, tiveram seu número de pilotos reduzidos à metade em relação às unidades da Força Aérea dos Estados Unidos. Porém, um número igual de surtidas, operando incansavelmente e além do normal no cumprimento do dever. A manutenção dos seus aviões foi altamente eficiente, a respeito das avarias sofridas pela antiaérea e o desgaste despendido na recuperação dos aviões.

Este grupo entrou em combate na época em que a oposição antiaérea aos caças bombardeios estava em seu auge. Suas perdas têm sido constantes e pesadas e não têm recebido o mínimo de pilotos de recompletamento estabelecido. Como o número de pilotos cada vez diminuía mais, cada um deles teve que voar mais de uma missão diária, expondo-se com maior freqüência. Em muitas ocasiões, como Comandante do 350th Fighter Group, eu fui obrigado a mantê-los no chão quando insistiam em continuar voando, porque eu acreditava que eles já haviam ultrapassado os limites de sua resistência física”, escreveu em sua justificativa.

Em 1986, o 1º Grupo de Caça tornou-se a terceira unidade não pertencente às Forças Armadas Americanas a receber a Presidential Unit Citation, a terceira comenda mais importante do governo americano. O dia 22 de abril tornou-se, por causa do recorde de missões realizadas pelo Grupo de Caça na Itália, a data de comemoração do Dia da Aviação de Caça Brasileira.

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