Chefe das Forças Armadas é afastado



Da Redação

A luta no leste da República Democrática do Congo levou desespero e frustração para a população de Kivu. Além das mortes e dos milhares de desabrigados pelo conflito, outro problema veio à tona: o fraco e corrupto Exército congolês. De um lado, está o líder rebelde Laurent Nkunda, que luta para proteger a etnia tutsi. Do outro, o presidente Joseph Kabila, acusado de apoiar os hutus. Com a vantagem dos rebeldes nas batalhas, Dieudonné Kayembe, chefe das Forças Armadas, foi substituído.

Nkunda é inimigo dos rebeldes ruandeses da etnia hutu — acusados de cometer um massacre contra os congoleses tutsis. O governo do Congo prometeu impedir que milícias hutus utilizem seu território. O prazo para cumprir a promessa acabou em agosto e os confrontos foram retomados. Os rebeldes também podem estar interessados em Kivu, região rica em ouro.

O general Didier Etumba, exchefe da Marinha e da inteligência militar, foi escolhido como substituto de Kayembe. Grupos de defesa dos direitos humanos acusam os rebeldes de crimes de guerra, mas também afirmam que soldados do governo saquearam, mataram e estupraram mulheres na região quando batiam em retirada. O novo chefe das Forças Armadas esteve envolvido nas negociações que puseram fim à guerra do Congo, entre 1998 e 2003. Também participou de acordos de paz com os rebeldes liderados por Nkunda e é um comandante respeitado.

Os rebeldes anunciaram ontem um recuo unilateral de 40km em duas frentes. “Decidiu-se que o Congresso Nacional de Defesa do Povo (rebeldes) realizará um recuo unilateral de suas tropas nos eixos Kanyabayonga-Nyanzale e Kabasha-Kiwanja”, informaram, por meio de um comunicado. Eles pediram à missão de paz da ONU que “se encarregue da segurança nessas áreas de separação e garanta que nenhuma outra força as ocupe, pois isso anularia imediatamente a decisão de retirada”.

Missão da ONU

Pelo menos 17 mil capacetes azuis e forças policiais internacionais patrulham as regiões em conflito no Congo. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, espera que a missão seja reforçada e estimou serem necessários três mil soldados. Já o presidente alemão, Horst Köhler, pediu aos países europeus que intervenham militarmente no conflito para aliviar a tragédia humanitária. “Não tenho espírito de guerra, mas levamos a sério nossos valores. Então, os europeus têm de enviar soldados para deter os crimes”, disse Köhler. Segundo ele, é inadmissível que, sob amparo de um mandato da ONU, apenas países em desenvolvimento mantenham tropas na região.

Nkunda garantiu que os rebeldes cumpririam com o cessar-fogo declarado havia três semanas e permitiriam a abertura de corredores humanitários para atender aos mais de 250 mil refugiados. Antes dos conflitos começarem em agosto, mais de 1 milhão de pessoas já tinham sido deslocadas de suas casa. “O que vemos é uma deterioração da situação, não uma melhora”, disse a porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas, Elisabeth Byrs. Até o momento, a ONU contabilizou 127 casos de cólera e demonstra preocupação diante do aumento de sinais de desnutrição entre as crianças.

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