Divergências



Unger admitiu ontem que há divergências entre os militares sobre o Plano Estratégico de Defesa Nacional, que deve ser apresentado em dezembro, após três meses de adiamentos. No entanto, sustentou que a cúpula das Forças Armadas participou da elaboração das diretrizes e estão entusiasmadas. O ministro disse saber que haverá reações ao plano, mas afirmou que o debate será benéfico para que a sociedade assuma as decisões que o País precisa tomar para se posicionar com mais assertividade no cenário mundial.

"Agora vamos acender as luzes e ir para o debate. Confio que nós ganharemos", disse Mangabeira, ao encerrar a sua palestra na 5ª Conferência do Forte de Copacabana, evento sobre segurança internacional no Rio. O ministro definiu o plano como fruto da aproximação dos militares, que sempre monopolizaram o esforço de defesa, com setores políticos oriundos da esquerda, que estão no poder, defensores do desenvolvimento.

Ao comentar a resistência dos militares na revisão dos crimes de tortura praticados durante a ditadura, o ministro defendeu que o tema fique restrito à Justiça para não impedir a convergência.

Em entrevista após a palestra, Unger afirmou que o tema não causou, até agora, ruídos nas conversas para a elaboração do plano estratégico. "A judicialização do problema é o método correto para resolvê-lo", defendeu. "Nosso foco principal estará no futuro. A decisão sobre como lidar com o passado atribuiremos aos tribunais".

Na palestra, o ministro deu alguns sinais do que está no Plano de Defesa, como a manutenção do serviço obrigatório militar. Unger defendeu o recrutamento como forma de mobilização cívica do povo, mas com instrumentos que garantam às Forças o recrutamento de jovens em todas as classes sociais e regiões do País. "A verdade é que hoje o serviço não é obrigatório para todos. Predominam os jovens trabalhadores pobres", criticou.

O ministro também indicou que o governo quer criar salvaguardas para indústria bélica nacional, que teria regimes regulatório, jurídico e tributário especial e até poderia ficar isenta das regras gerais de licitação.

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