Cruz Vermelha acusa Israel de dificultar acesso a feridos


A Cruz Vermelha Internacional acusou Israel nesta quinta-feira de atrasos "inaceitáveis" no acesso de trabalhadores humanitários a casas atingidas por projéteis em Gaza, onde foram encontrados 15 mortos e 18 feridos. Ao menos 700 palestinos morreram e outros 3.000 ficaram feridos nos 13 dias de ofensiva à faixa de Gaza.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), baseado em Genebra, disse que o Exército de Israel se recusou a permitir que trabalhadores humanitários chegassem ao local, em Zeitoun.

Israel disse que o atraso foi causado por confrontos na área e acusou o Hamas de usar civis palestinos como escudos humanos. Desde quarta-feira, Israel realiza uma trégua diária de três horas para permitir a remoção de civis e o envio de ajuda. No entanto, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban ki-Moon, afirmou que Israel atacou um comboio da organização durante a pausa desta quinta-feira, matando dois motoristas.

Trabalhadores humanitários da Cruz Vermelha Internacional e do Crescente Vermelho palestino receberam permissão para entrar nas casas atacadas durante a trégua de quarta-feira, quatro dias após as construções terem sido atingidas.

"Esse é um incidente chocante", afirmou Pierre Wettach, chefe da CICV para a região.

Crianças

A equipe de resgate "encontrou quatro crianças pequenas próximas às suas mães mortas em uma das casas. Elas estavam muito fracas para ficarem de pé. Um homem também foi encontrado vivo, fraco demais para ficar de pé", acrescentou.

"No todo, havia ao menos 12 corpos em colchões de uma das casas".

A organização afirmou que as crianças e os feridos tiveram de ser transportados em carroças puxadas por mulas até as ambulâncias.

"Os militares israelenses devem ter ficado a par da situação, mas não deram assistência aos feridos", afirma comunicado da organização. "Nem tornaram possível para nós ou para o Crescente Vermelho palestino ajudar os feridos.

A organização afirmou que "nessa instância, o Exército de Israel falhou em cumprir com sua obrigação sob a lei internacional de se preocupar e remover os feridos". O comunicado diz ainda que "o atraso em permitir o acesso aos serviços de resgate é inaceitável".

O CICV disse ainda que Israel recusou demandas da organização para prestar socorro em outras casas destruídas da mesma vizinhança da cidade de Gaza, onde tinham relatos de mais feridos.

Resgates

Ainda nesta quinta-feira, a Organização Mundial de Saúde disse que 21 palestinos que trabalham no socorro às vítimas foram mortos, e outros 30 ficaram feridos desde o início da operação.

"Os israelenses estão atirando em todo mundo que tenta buscar os corpos", afirmou Haider Eid, professor da universidade Al Quds, à Folha Online, por telefone, de Gaza.

"Eu estava com dois ativistas internacionais, um do Canadá e outro da Espanha", disse o palestino. "Eles estavam em uma ambulância que buscava corpos em Jabaliya, começaram a disparar contra a ambulância, e dois médicos que estavam dentro da ambulância ficaram feridos."

Exército

O Exército de Israel não comentou detalhes da declaração do CICV, mas disse que coopera de perto com organizações humanitárias para ajudar os civis.

"As Forças de Defesa de Israel (FDI) estão engajadas em uma batalha contra a organização terrorista Hamas, que deliberadamente usa civis palestinos como escudos humanos", afirma comunicado do Exército israelense.

"As FDI de forma alguma miram em alvos civis e tem demonstrado sua vontade de abortar operações para salvar vidas civis e se arriscam para ajudar civis inocentes." Israel disse que irá investigar qualquer queixa formal contra a conduta dos militares durante a atual operação militar.

O embaixador de Israel em Genebra, Aharon Leshno-Yaar, negou que seu país esteja falhando em cumprir com suas obrigações humanitárias.

Outros grupos de ajuda também afirmam que chegar a Gaza continua sendo um problema. Nesta quinta-feira, a ONU suspendeu sua ajuda humanitária a Gaza após um tanque de guerra atirar contra um comboio da organização.

O CICV disse que irá continuar suas operações, apesar de um de seus comboios ter ficado sob fogo israelense na passagem de Netzarim. Um motorista ficou levemente ferido.

Com Associated Press

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