Exército israelense admite que escola atacada não escondia radicais

Após dizer que prédio era de base de lançamento de foguetes, Israel recua e reconhece erro

Bombardeio que matou 43 pessoas foi o incidente mais letal desta ofensiva; Cruz Vermelha suspenderá parte dos serviços por segurança



DA REDAÇÃO Uma investigação do Exército israelense concluiu que houve erro no ataque à escola mantida pela ONU no campo de refugiados de Jabaliya, em Gaza, na última terça-feira, no qual morreram 43 pessoas - o mais letal incidente isolado da ofensiva de Israel até agora.

Oficiais israelenses confirmaram ontem que a escola foi atingida por um "morteiro errante". Segundo a investigação, forças de Israel atiravam contra militantes do Hamas que operavam perto da escola - não dentro, como afirmaram inicialmente - e que haviam acabado de lançar um foguete.

A ONU sempre negou que a escola fosse base de radicais. Os israelenses teriam respondido com o disparo de três morteiros, mas um deles errou o alvo em quase 30 metros e caiu perto da escola, matando os civis que se abrigavam ali. A conclusão foi revelada à Associated Press por oficiais de defesa de Israel, que não quiseram se identificar até a divulgação oficial do parecer.

O ataque à escola foi a mais grave das divergências entre a ONU e Israel desde o início da ofensiva, que depois de outro incidente culminariam na suspensão, por um dia, da entrega de suprimentos humanitários por sua agência para refugiados palestinos (UNRWA).

Crimes de guerra


A ONU sustenta que há indícios de que Israel tenha cometido crimes de guerra em Gaza, citando o bombardeio de uma casa nos arredores da Cidade de Gaza, no último dia 4, onde morreram 30 palestinos, incluindo crianças. As vítimas teriam sido orientadas pelas tropas israelenses a se esconderem na casa - o que Israel nega. A alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Navanethem Pillay, pediu investigação independente do episódio.

A ONU chegou a suspender sua ajuda humanitária após o motorista de um de seus caminhões foi morto pelo Exército israelense. As atividades foram retomadas depois que Israel deu novas garantias de segurança. Ontem, os funcionários da ONU disseram ter atendido a 30 mil pessoas em Gaza, mas ressaltaram que era impossível operar com capacidade total.

O atual conflito só agravou a dramática crise humanitária em Gaza, sob bloqueio total de Israel desde a ascensão do Hamas ao poder, há 18 meses. "Estamos fazendo só uma pequena fração do que costumamos fazer na faixa de Gaza", disse Filippo Grandi, da UNRWA. "As coisas podem piorar."

Já a Cruz Vermelha anunciou ontem que ia interromper alguns serviços de escolta de equipes médicas palestinas, depois que uma de suas ambulâncias foi atingida no sábado, durante as três horas de trégua diária pelos dois lados do conflito. A origem dos ataques ainda estava sendo investigada.

Com agências internacionais

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