Caça seguiu avião para evitar ataque a Brasília

FAB agiu contra suspeita de ataque terrorista ou atentado suicida a Planalto ou Congresso

Evandro Éboli

BRASÍLIA. O avião Mirage 2000 destacado pela Aeronáutica para procurar o monomotor roubado em Luziânia tinha a missão de fazer a defesa do espaço aéreo de Brasília e impedir que a aeronave chegasse à capital federal.

O receio era de um ataque terrorista ou um atentado suicida. Após a informação do roubo, o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra) acionou a Base Aérea de Anápolis (GO), que enviou um caça do 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA). O piloto decolou sem orientação e somente durante o voo foi comunicado da missão.

Monomotor não chegou a sobrevoar Distrito Federal

A Base de Anápolis tem como incumbência principal vigiar o espaço de Brasília, sede do governo federal e do Congresso. Por ser um caça muito rápido, o Mirage foi deslocado de imediato para interceptar o avião, caso tentasse seguir esse destino, o que não ocorreu: o avião saiu de Luziânia e seguiu direto para Goiânia.

A Aeronáutica divulgou o áudio do momento em que o Comdabra fazia o contato com o piloto do caça, identificado apenas como YGQ, por questão de segurança. Ele já havia decolado. O controlador passou as primeiras instruções:

- Nós temos uma aeronave roubada na localidade de Luziânia. A missão é fazer procura baixa, na posição que está sobrevoando no momento.

- Ciente - diz o piloto.

- Informação estimada da aeronave: uno sete zero milhas de Anápolis.

Aeronave pequeno porte, velocidade em torno de 160 nós - avisa o comando.

Jobim acompanhou toda a ação da Aeronáutica

Depois que a FAB certificou-se de que o monomotor não seguiria para Brasília, mas para Goiânia, o caça foi substituído por um Tucano T-27, mais adequado para seguir o monomotor. O Mirage foi considerado veloz demais para a missão e, depois, permaneceu em alerta, sobrevoando Brasília, num escudo de proteção. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, foi comunicado da ação e acompanhou todos os passos.

O Comando da Aeronáutica, por questão de segurança nacional, não informou detalhes da operação, como, por exemplo, quanto tempo levou para que o radar do caça localizasse o avião roubado. Segundo a Aeronáutica, neste caso, não poderia ser aplicada a Lei do Abate, que vigora no Brasil desde 2004, mas que só é utilizada para interceptar aviões suspeitos de envolvimento com tráfico de drogas. Não se explicou o que o Mirage teria feito se a intenção do piloto fosse atingir o Palácio do Planalto ou o Congresso.

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