Dassault sonda parceiros enquanto aguarda decisão

Consórcio francês que disputa venda de caças para a FAB negocia com fornecedores brasileiros. Marli Olmos, de São Paulo Independentemente de vir a ganhar o processo de escolha da FAB para a compra dos novos aviões caça, o consórcio francês que integra as empresas Dassault, Thales e Snecma prepara-se para ter no Brasil uma base de abastecimento. O grupo está no país em busca de fornecedores. E ontem apresentou o projeto Rafale, a aeronave de combate que está sendo oferecida ao Brasil. Hoje os franceses se reunirão reservadamente com empresas brasileiras interessadas em formar parcerias. As alianças servirão tanto para eventual fornecimento em linha de produção no Brasil como para exportação de componentes para a Europa. A MBDA, fabricante europeia de mísseis, já fechou acordo com duas brasileiras, a Avibras e a Mectron, ambas no Vale do Paraíba, interior de São Paulo, onde está instalada a Embraer. Essas três empresas já estão desenvolvendo um novo míssil que será feito no Brasil, segundo o diretor de vendas da MBDA, Patrick de La Ravelière. O grupo liderado pela Dassault no consórcio que disputa o novo caça brasileiro também já fala sobre a possibilidade de ter uma linha de montagem do Rafale no Brasil e de atingir uma nacionalização de componentes de até 70%, dependendo do volume de encomendas da Força Aérea Brasileira. Além desse grupo, estão no páreo para a compra do novo caça a americana Boeing e a sueca Saab. A expectativa é de que a FAB feche a compra de até 36 caças ainda no segundo semestre. O grupo francês tenta tirar proveito da associação estratégica entre Brasil e França, assinada entre os dois governos no fim do ano passado, para atrair favoritismo para seu projeto. E embora o Rafale ainda não tenha sido o escolhido pela FAB, os franceses decidiram investir pesado nos contatos com empresas brasileiras. Para isso, elaboraram uma extensa e detalhada apresentação do projeto. Com o apoio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o grupo preparou um encontro de dois dias. Ontem reuniu cerca de 90 empresas e associações brasileiras e francesas. Cada empresa terá no segundo dia do encontro, hoje, acesso a detalhes do que é possível obter com a parceria. Os franceses dizem que garantem aos futuros parceiros a transferência de tecnologia e volume de produção. Em troca, querem garantias de preço baixo e cumprimento de prazos de entregas. Aos brasileiros foi oferecida a possibilidade de fornecer toda a espécie de componentes, de aviônicos e peças para motores até itens de estrutura do avião. O Rafale é um bimotor que já está em serviço na Força Aérea e Marinha da França, incluindo campos de batalha no Afeganistão. A aeronave foi concebida para levar uma variedade de armas, que vai de canhão a mísseis de longo alcance, e dispõe de sensores com radar de varredura eletrônica. Os fabricantes contam com 120 encomendas das Forças francesas, sendo que 68 já foram entregues. Um contrato de mais 60 aeronaves está sendo negociado com o Ministério da Defesa da França. "Isso garante a produção para um período além de 2020", destaca o representante da Rafale International no Brasil, Jean-Marc Merialdo. A proposta para aquisição pelo governo brasileiro da nova geração de aeronaves de combate é conhecida como programa F-X2. O programa F-X na versão original terminou no início de 2005 sem nenhuma encomenda. Embora a retração econômica já tenha sido cogitada no mercado como eventual justificativa para o governo brasileiro novamente adiar a compra, Merialdo diz estar confiante. O executivo afirma, no entanto, não ter controle sobre as necessidades de financiamento necessárias para a FAB concluir a aquisição. O grupo francês não revela valores, mas segundo o mercado, dependendo da configuração, a encomenda pode chegar próxima de US$ 2 bilhões. Merialdo diz que 36 aviões já é uma quantidade suficiente para instalar uma linha de produção para o Brasil. Ele também afirma que a transferência de tecnologia para o país seria feita não apenas para a Embraer, a maior empresa do setor no Brasil, como também outras empresas do país. Com receita anual de ? 4 bilhões, a Dassault é um grupo familiar que, além de aviões comerciais (linha executiva Falcon) e de defesa, é proprietário de empresas diversificadas, como o jornal francês "Le Figaro" e uma vinícola (Chateau Dassault). A Snecma, do grupo Safran, faz motores e a Thales produz radares e aviônicos.

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