SAAB recebe repórteres brasileiros na Suécia



Felipe Salles

A briga pela conquista de um contrato militar importante como o F-X2 da FAB é muito dura e é disputada em muitas frentes. A primeira e principal destas “frentes” foi encerrada, pelo menos temporariamente, com a entrega das propostas solicitadas com o Request For Proposals (RFI). Agora os contendores, Boeing, SAAB e Dassault. Abrem novas iniciativas. O ambiente de imprensa, que foi tão importante no primeiro F-X foi aberto pela Boeing, que levou uma série de jornalistas de meios tradicionais e influentes para visitar suas fábricas e escritórios nos Estados Unidos no início de fevereiro. No mesmo mês, durante o feriado do Carnaval a Gripen revidou levando repórteres dos jornais O Globo, Folha de São Paulo, JB, Jornal do Commércio e da revista Época até a Suécia, para fazer ouvir seu lado da história. Desta vez, ALIDE foi o único meio especializado, e também a única mídia eletrônica a acompanhar esta viagem.

Os jornalistas convidados embarcaram na noite de sábado de Carnaval do Rio, São Paulo e Brasília, o grupo se encontrou em Lisboa no dia seguinte de onde seguiram para Estocolmo, a capital da Suécia. O ambiente absolutamente nevado da Suécia não podia ser mais oposto do que o intenso calor que fazia no Brasil naqueles dias, mas este é o mundo da globalização. A programação se iniciou na segunda feira com uma entrevista com Frederik Lindgren, VP Chefe da Área de Comunicação Corporativa da Holding Investor AB. Este grupo é dono da SAAB e das principais multinacionais suecas como a Ericsson, ABB e Electrolux. Em seguida foi a vez de termos uma entrevista com o CEO da SAAB, Ake Svensson, que nos apresentou a origem do grupo SAAB e seus planos para o futuro. Magnus Lindberg, por sua vez entrou no detalhe sobre como a SAAB fez para atender aos requisitos, cada vez mais normais, de cooperação industrial com os países que compram suas aeronaves e sistemas.

A terça-feira começou com uma visita ao Embaixador brasileiro em Estocolmo, Antonino Mena Gonçalves que nos falou sobre a relação política e econômica dos dois países ao longo dos anos. Depois do almoço houve uma visita ao Swedish Trade Council, entidade de propriedade do estado sueco e das empresas privadas focado na promoção do comércio da Suécia com o resto do mundo, naturalmente aqui pudemos também ter uma idéia do que pensam os suecos sobre a atual crise internacional. O resto do dia foi ocupado por uma vista à Kista (pronunciado “xista”, em sueco) Science City, um empreendimento de desenvolvimento de novas empresas focadas em tecnologias e processos altamente avançados. O principio básico deste tipo de organização consiste na cooperação entre indústria, governo local e academia para gerar inovação. A administração deste projeto se esforça para juntar ao máximo as empresas localizadas aí para que cada uma traga novas idéias e oportunidades para as demais empresas. Nesta noite seguimos de trem para Linköping, cidade universitária onde se localiza a sede principal da SAAB na Suécia.

Entrar numa fábrica da SAAB é tão duro quanto entrar na Embraer. Este é um segmento extremamente competitivo e o mínimo detalhe pode ser critico para definir a empresa que se sagrará líder. O primeiro briefing foi do ex-piloto da Força Aérea Magnus Lewis Olsson sobre o programa Gripen NG. Depois de detalhar bastante as questões e a origem do caça sueco e os planos para a dobradinha C/D e NG. O passo seguinte foi uma visita guiada à compacta linha de produção do Gripen. Depois disso os repórteres puderam experimentar a sensação de sentarem no cockpit de um Gripen C, e receberem um instrução sobre os diversos mostradores e a botoeira que comandam este caça. Posteriormente a isso, foi a vez de conhecermos a estrela da casa, o protótipo do Gripen Demo. Mathias Bergstrom, coordenador do programa de vôos do Gripen Demo mostrou o que já tinha sido ensaiado e o que faltava ainda para seus testes futuros. Então, depois do almoço, nos tocou conhecer o site “infotografável”da Saab, sua fábrica de peças em material composto, tecnologia que reforça o valor da empresa sueca no mercado mundial. Lars Ekstrom apresentou o sistema de radar AWACS SAAB Erieye solução já adotada pelas forças aéreas de Suécia, Brasil, México e, mais recentemente, pela Tailândia e pelo Paquistão. Este sistema era, originalmente, um produto da empresa Ericsson Microwave, mas, esta divisão, agora, a foi absorvida pela própria SAAB com o nome de SAAB Microwave. A programação em Linköping foi encerrada com uma palestra do Dr. Billy Frederiksson, um funcionário aposentado da SAAB, sobre os programas da empresa para estimular a produção de novas tecnologias e conceitos nas empresas do Mjardevi Science Park, que de forma similar à Kysta visitada anteriormente combina o apoio da indústria governo e academia aqui no campo da tecnologia da informação e da ciência da computação. Em Mjardevi o papel de “âncora” é desempenhado pela própria SAAB, a maior empresa da região.

Na quinta-feira o grupo retornou a Estocolmo e aproveitou a manhã antes da partida do vôo para visitar o imponente Vasa Museet. Este museu foi criado do zero para a acomodar o casco do navio Vasa afundado por acidente em 1658, no dia do início de sua primeira viagem, no próprio porto de Estocolmo. Este navio permaneceu coberto de lodo por 333 anos até que em 1961 o navio foi resgatado e submetido a um banho de gera por muitos anos até que ele pudesse ser colocado num moderníssimo museu construído só para abrigar este navio. Nenhum aficionado dos temas navais e do mundo militar pode passar por Estocolmo sem visitar este museu único. Em algumas semanas ALIDE irá fazer um artigo inteiro dedicado ao Väsa e ao seu museu, aguardem.


Agora a proverbial "bola" nesta guerra de comunicação do F-X2 esta na "quadra" da Dassault, como será que ela responderá às salvas iniciais disparados por suecos e americanos?


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