Três militares mortos na BR-040

Homens da Aeronáutica iam de Barbacena para BH quando carreta estourou pneu e invadiu a contramão, atingindo a van na qual viajavam. Dos sobreviventes, um teve a perna amputada

Pedro Ferreira – Estado de Minas

Um grave acidente, às 8h45 de ontem, no km 589 da BR-040, no município de Itabirito, na Região Central de Minas, matou três militares da Aeronáutica e feriu dois. A carreta placa HIJ 3776, de Contagem, que seguia sentido Rio de Janeiro, carregada de minério, teria estourado um pneu e ficou descontrolada. Segundo o motorista, Claudiano de Paula Tomáz, de 30 anos, o veículo invadiu a contramão, num local conhecido como Curva do Ribeirão do Eixo, e bateu de frente na van Sprinter placa GMF 3325, que transportava os militares de Barbacena, na Zona da Mata, para Belo Horizonte.

Morreram no local, presos às ferragens da van, o sargento Francisco Brás Rodrigues, de 36, que era o motorista, o soldado João Marcos Almeida Costa, de 22, e o médico aspirante a oficial Adriano Jésus Thomaz Waewell, de 26. O soldado Carlos Felipe Marques Alberto, de 21, e o cabo Rogério Augusto Nunes, de 25, ficaram feridos. O primeiro, em estado grave, foi socorrido num helicóptero da Aeronáutica. Os dois foram levados para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), na capital.

O motorista da carreta não teve nada, embora a frente do veículo tenha ficado totalmente destruída, sobre a mureta de concreto. “Eu ia sentido Rio de Janeiro, o pneu estourou e não deu para segurar a carreta, pois estava muito pesada”, disse Claudiano, que garantiu dirigir a 80km/h. “Conheço essa estrada desde pequeno, quando acompanhava meu pai, que era carreteiro”, acrescentou. O trânsito foi fechado nos dois sentidos da rodovia e o engarrafamento chegou a mais de 12 quilômetros.

O motorista aposentado Aílton Marques, de 61, mora a 100 metros da Curva do Eixo e viu o acidente. “Passava a pé pela estrada, quando vi o pneu da carreta estourando. Depois, escutei uma freada e, em seguida, o estrondo da batida”, contou. A van foi atingida de frente e arremessada 40 metros para fora da estrada, passando por cima de uma mureta de concreto, no acostamento, e indo parar numa ribanceira.

O médico Flávio Horta Pires, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), conta que chegou a ver uma das vítimas viva quando chegou ao local, mas ela não resistiu. “Outro militar, que estava preso nas ferragens, foi imobilizado, entubado e socorrido no helicóptero, em estado muito grave.

Ele teve traumatismo craniano e contusão no tórax”, disse o médico.

As vítimas retornavam de um acampamento em Barbacena, onde participaram de uma instrução militar de rotina. “Os militares estavam em serviço e o Centro de Instrução da Aeronáutica vai dar todo apoio possível às suas famílias”, informou o coronel da Aeronáutica Carlos Schonhardt, que acompanhou o trabalho de resgate, ressaltando que todos os motoristas da corporação são habilitados e dirigem adequadamente. O soldado Carlos Felipe teve a perna amputada e está internado no CTI do João XXXIII. O cabo Rogério foi medicado e liberado.

O policial rodoviário federal Cilas Bernardes explicou que o acidente foi na parte mais baixa de um declive acentuado, em plena curva, demandando redução de velocidade. “Infelizmente, a desobediência de muitos condutores tem levado a resultados trágicos. O local já tem histórico de graves acidentes e é um dos pontos de maior índice de acidentes em Minas. Temos levantamento técnico para instalar radares nesse trecho, com verbas já liberadas e fazemos fiscalização diária para coibir abusos”, disse.

Bernardes acrescentou que a PRF vai tentar apurar o que levou o pneu a estourar, se o artefato era restaurado ou se tinha alguma avaria. “O tacógrafo será avaliado para ver a que velocidade a carreta trafegava.”

A velocidade máxima permitida no local é 80km/h, mas, segundo o policial, as carretas de minério passam a 110km/h, carregadas. “O peso total, caminhão e carga, chega a 43t. Se o motorista frear, não para o veículo de repente. E qualquer óleo ou areia na pista representa um risco a mais”, alerta.

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