Chávez afaga russos em troca de armas e verbas

Jornal do Brasil
 
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, cimentou uma aliança mais estreita com a Rússia, nesta quinta-feira, reconhecendo a independência de duas regiões rebeldes da Geórgia alinhadas à Rússia e recebendo em troca suprimentos de armas e empréstimos.

O reconhecimento da Abkházia e da Ossétia do Sul por parte de Chávez é um raro sucesso diplomático para a Rússia, que há mais de um ano tenta persuadir seus aliados a seguirem o exemplo e tratar as duas pequenas regiões como nações soberanas. Só a Nicarágua tinha concordado até agora.

– A partir de agora, a Venezuela se une no reconhecimento da independência da Abkházia e da Ossétia do Sul – disse Chávez ao presidente Dmitri Medvedev.

Chávez acrescentou que Caracas deve iniciar o estabelecimento de relações diplomáticas com ambas muito em breve. O resto do mundo vê as duas repúblicas como ainda pertencentes à Geórgia.

Tema espinhoso

O tema se tornou um espinho nas relações entre o Ocidente e a Rússia. Pouco após a declaração de apoio de Chávez, Medvedev anunciou que a Rússia irá fornecer tanques e outros armamentos para a Venezuela.

– Vamos dar à Venezuela as armas que deseja. Por que não tanques? Sem dúvida temos bons tanques. Se nossos amigos os querem, vamos entregá-los – disse Medvedev após as conversas.

Nenhum detalhe sobre o acordo foi divulgado, mas a agência estatal russa RIA citou uma fonte militar dizendo que a Venezuela deve comprar 100 tanques por US$ 500 milhões. Os dois países ainda anunciaram planos de um banco em parceria com capital de US$ 4 bilhões para financiar seus projetos.

A Venezuela quer reforçar seus armamentos para resistir ao que Chávez chama de imperialismo dos EUA na América Latina. A tensão também tem aumentado com a vizinha Colômbia, grande aliada dos EUA e rival histórica da Venezuela.

Diplomatas sul-americanos em Moscou expressaram preocupação com o impacto do acordo Caracas-Moscou para a segurança regional.

– Se os tanques forem entregues de imediato, isso vai desestabilizar a região – disse um diplomata. – Se for uma encomenda que ainda vai ser fabricada e entregue ao longo dos próximos anos, então é mais um gesto político.

A Geórgia rejeitou o reconhecimento por parte do presidente venezuelano e afirmou que esta decisão não terá nenhuma consequência política importante.

– Quando políticos tão marginais como Chávez e Ortega tomam tais decisões, isto mostra que estamos diante de uma anomalia política – afirmou o vice-premier georgiano, Temur Yakovasvili.

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