Em meio à tensão, Irã testa mísseis




Teerã: Quatro dias antes da República Islâmica ter raras conversas com potências mundiais preocupadas com suas ambições nucleares, o Irã mostrou ao mundo que está preparado para repelir qualquer ameaça militar. Ontem, realizou testes com mísseis, numa manobra que coincidiu com a escalada da tensão na disputa nuclear do Irã com o Ocidente, após a revelação da semana passada de que Teerã está construindo uma segunda usina de enriquecimento de urânio.

A mídia iraniana disse que a Guarda Revolucionária lançou pelo menos dois tipos de mísseis de curto alcance no primeiro dia de exercícios neste domingo e testou um lançador de mísseis múltiplo.

No sábado à noite, os mísseis de médio alcance Shahab 1 e 2 também seriam sido testados.

– A mensagem de jogo de guerra para alguns países arrogantes, cuja intenção é intimidar, é a de que somos capazes de dar uma solução adequada, uma resposta forte para a hostilidade rapidamente – afirmou o general Hossein Salami à televisão estatal.

Ele disse aos repórteres que o Irã reduziu as escalas dos mísseis, e aumentou a sua precisão e a sua velocidade, para que pudessem ser usados de maneira rápida, em missões de curto alcance. As armas iranianas conseguiriam, agora, acertarem alvos a partir de posições desfavoráveis. Os testes militares seriam indicativos de que o país defende seus valores nacionais, como parte de uma estratégia para contenção das ameaças de alvos inimigos. Hoje, devem ocorrer mais testes, desta vez com o Shahab 3 de longo alcance de longo alcance, que pode chegar a aproximadamente 2 mil quilômetros.

– Nossos mísseis não representam uma ameaça para nossos vizinhos – afirmou Salami.

A rádio estatal comunicou que a Guarda testará hoje o míssil Shahab 3, que as autoridades iranianas afirmam ter um alcance de cerca de 2 mil quilômetros, com potencial para atingir Israel e bases norte-americanas no Golfo Pérsico. O míssil foi testado pela última vez em meados de 2008. A TV estatal mostrou mísseis sendo disparados em um terreno de aparência desértica.

Notícias sobre a instalação nuclear no sul do Irã trouxeram urgência ao encontro crucial em Genebra na quinta-feira entre autoridades iranianas e representantes das seis maiores potências, entre elas os Estados Unidos.

Um funcionário iraniano alertou que “clamores ocidentais fabricados” sobre a nova usina afetariam negativamente as conversas, nas quais os seis países querem que o Irã concorde em abrir suas instalações a inspeções para provar que seu programa almeja energia e não armas nucleares. O presidente dos EUA, Barack Obama, disse no sábado que a descoberta da usina nuclear secreta mostrou um “padrão perturbador” de evasivas de Teerã que torna mais urgente as conversações da próxima quinta-feira.

Na sexta, o presidente já alertara que o Irã enfrentaria “sanções dolorosas” se não jogasse limpo.

O secretário da Defesa americano, Robert Gates, reforçou a cobrança ontem, em entrevista à rede CNN de televisão, mas admitiu que “a opção militar” não é a mais eficaz para lidar com o programa nuclear do Irã. Ele alertou que o governo de Teerã enfrentará sanções internacionais mais severas se continuar sua política atual.

– Os iranianos estão, neste momento, em uma posição muito ruim, diante de todas as grandes potências, devido a seu engano – disse. – Há, obviamente, a oportunidade de sanções graves adicionais.

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