Concorrentes fazem lobby no último dia de oferta por caças

Termina hoje o prazo da Força Aérea para que as empresas melhorem suas propostas; decisão final cabe ao presidente

Fabricantes e governos de Estados Unidos, França e Suécia reforçam os pontos positivos de seus aviões e criticam os adversários

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
 
GABRIELA GUERREIRO
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
 
Termina hoje o prazo da FAB (Força Aérea Brasileira) para receber melhorias nas propostas das empresas da França, da Suécia e dos Estados Unidos na disputa para vender 36 caças para o Brasil.
 
Ontem, foi dia de lobby das empresas no governo, no Congresso e na mídia.

Enquanto a Boeing (EUA) distribuiu um texto insistindo na transferência de tecnologia com o F-18 Super Hornet, enviados dos governos e das empresas da França e da Suécia tinham reuniões em separado com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e participavam de debates no Congresso.

Concorrem, além dos norte-americanos, também o Rafale, da francesa Dassault, e o Gripen NG, da sueca Saab.

Na Comissão de Relações Exteriores do Senado, os franceses não apenas elogiavam o seu Rafale, como criticavam as propostas da Suécia e dos EUA. Mas reconhecendo que estão em desvantagem no quesito preço, pois o Rafale é mais caro do que seus oponentes.

Segundo os franceses, o Estado contribuiu com 75% e a indústria com 25% de um total de 7 bilhões para planejar e executar o Rafale: "É uma maneira de transferência de tecnologia, evitando que o Brasil tenha que gastar esse dinheiro", disse Edouard Guillaud, chefe do gabinete militar da França, que se encontrou com Jobim.

Numa crítica à proposta da Suécia, já que o Gripen NG ainda é um projeto, Guillaud disse que a França oferece "aeronaves que voam em combate, não aeronaves que voarão daqui a oito ou dez anos, que eu qualifico de versão de papel". Em relação à proposta da Boeing, criticou: "Todos que participam [do programa anterior ao F-18, o F-16] acham que o retorno tecnológico é muito fraco".

Ao falar da queda de dois Rafale no mar Mediterrâneo, Guillaud disse que o acidente foi consequência de uma colisão entre os caças, sem relação nenhuma com a qualidade do avião. Um dos pilotos morreu.

O chefe da divisão de Assuntos Militares do Ministério da Defesa da Suécia, Mats Nilsson, admitiu na comissão que os Gripen CD (versão anterior ao Gripen NG, em projeto) sofreram três acidentes em dez anos. Segundo ele, nenhum dos acidentes teve relação com os motores e todos os pilotos sobreviveram.

Uma das críticas ao Gripen é ser monomotor, mas Nilsson rebateu dizendo que essa condição reduz o preço e o peso do avião. Aviões mais leves são mais seguros, segundo ele.
 
Os suecos insistiram que são os que mais transferem tecnologia: "Acreditamos que vamos nos tornar dependentes da indústria brasileira, além da indústria bélica", disse o presidente da Saab, Ake Svensson, que também está em Brasília.

O parecer da FAB irá para a Defesa até o final do mês, depois irá para o Planalto. A decisão final cabe ao Conselho de Defesa Nacional e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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