Soldado baleado dentro de quartel

Colega atirou em militar que chegou em cima da hora da troca de turno no domingo. Ferido por estilhaços, jovem recebeu alta ontem

Paula Sarapu – O Dia

Rio - Uma brincadeira mal interpretada na hora da troca da guarda da 111ª Companhia de Apoio de Material Bélico do Exército, na Mangueira, acabou com o disparo de um tiro de escopeta calibre 12, que feriu o soldado Valdir Fróes Marinho, 19 anos. O comando da unidade instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar o caso, que ocorreu na noite de domingo.

Valdir chegara ao quartel cinco minutos antes do horário de rendição, mas o colega que estava na guarda, identificado como soldado Diego, reclamou. Valdir, então, teria dito ser comum Diego também se atrasar. Irritado, ele teria carregado três vezes sua arma, efetuando um disparo. Segundo o Comando Militar do Leste (CML), o tiro foi acidental.

“Meu filho contou que viu o clarão e se abaixou. A bala atingiu a parede. Estilhaços atingiram seu olho esquerdo, as costas e o pescoço. O que acontece lá é de responsabilidade do Exército, mas eles não me avisaram. Só soube que meu filho estava internado, ferido, 24 horas depois. Foi o hospital que ligou. Um capitão disse ele poderia ter morrido se fosse atingido. Será que nem dentro de um quartel ele está seguro?”, criticou a doméstica Andréia Fróes, mãe do soldado.

Segundo ela, Diego não prestou socorro, mas foi visitar Valdir no dia seguinte, no Hospital Central do Exército no dia seguinte. “Disseram que ele era um bom rapaz, com bom comportamento, mas é uma irresponsabilidade apontar a arma para alguém. Diego subiu as escadas correndo e meu filho achou que ele atiraria de novo. Quem o socorreu foram os colegas que dormiam no alojamento e ouviram o barulho”, contou.

Valdir recebeu alta na noite de ontem. O CML informou que os ferimentos foram superficiais e que não há necessidade de o autor do disparo receber punição durante as investigações. Andréia disse que as informações foram desencontradas e que só conseguiu encontrar o filho na terça. “Até estar com ele foi um sofrimento horrível. Ninguém dizia o que tinha acontecido. Por muito menos eles prendem. Se um soldado falta um dia, eles vão em casa buscá-lo. Mas quem atirou está livre por aí e vai estar com meu filho novamente”, frisou.

Medo de sofrer represálias

Cada dia de serviço é uma alegria para Valdir. “Seria a maior frustração se não conseguisse entrar no Exército. Quando chegou com a farda em casa, se vestiu e sorriu para a gente”, lembrou a mãe. Andréia teme que o rapaz sofra represálias e receba baixa em janeiro. “Já roubaram o celular dele lá dentro e os coturnos novos. Parece que ele é um nada. Desta vez, quero que investiguem. Não quero que abafem esse caso e que ele seja descartado como um pano de prato usado”, afirmou.

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