Forças desarmadas, dependência, negligência

Não será por um beneplácito que vamos integrar o Conselho de Segurança da ONU

Paulo Ricardo da Rocha Paiva Doutor em Ciências Militares - Jornal do Brasil

Não há como olvidar, 1982, Guerra das Malvinas, o cruzador General Belgrano é atingido por um submarino nuclear inglês. Ia ao fundo a maior belonave da Marinha argentina que, a partir daí, não se aventurou mais a fazer-se ao mar, bloqueada que ficou em seus portos pelo efeito moral de um único submergível superdotado.

Em setembro de 2000, o Brasil comprou um porta-aviões da França, despendendo recursos com um aeródromo antigo que, em última análise, expõe silhueta no oceano ainda maior do que a do cruzador, facilitando o seu abate nas mesmas circunstâncias do alvo atingido naquele conflito. Daí a pergunta: não se obteria ganho maior investindo a soma gasta nesta ocasião no projeto já de longa maturação do nosso submarino nuclear? O governo neste aspecto, para corrigir o rumo e em face da tirânica dependência do país em termos de indústria de material bélico, costura um acordo na área militar com Sarkozy. Salvo melhor juízo, o poder de combate do submergível de propulsão atômica supera o do porta-aviões convencional, com a vantagem da probabilidade bem mais difícil de localização do primeiro como alvo, o qual, se posto a pique, implicaria prejuízo modesto de baixas, haja vista a tripulação muitíssimo maior do meio de superfície, isto sem falar no desperdício das aeronaves que transporta, incluindo aviões de caça e helicópteros.

Quanto ao reaparelhamento da FAB, o cidadão mais preocupado, mesmo que leigo na especialidade está apreensivo com o informe de que pilotos nossos teriam comprovado os recursos do "sukoi", caça russo que teria desempenho superior ao de seus congêneres de outras origens, e a decisão por descartá- lo. Este avião, com autonomia surpreendente, viabilizaria vencer grandes distâncias (até 3.400 km) para o cumprimento de missões com ida e volta garantidas, possibilitando a interceptação de meios aéreos e flutuantes que utilizassem o Mar do Caribe como rota de aproximação para o Norte do país.A Venezuela, como é sabido, adquiriu em torno de 30. Por quais razões esses aparelhos não venceram a concorrência no Brasil? Pressões dominantes, por certo, estão interagindo nos meandros do processo.

Há que se considerar também o fato de, justo após a descoberta do petróleo no pré-sal brasileiro, ter sido reativada uma frota de combate alienígena no Atlântico Sul, provocando verdadeiro frenesi de retórica emergencial e inútil em congressistas alarmados que, despeitados de ocasião, exigem até explicações ao plenipotenciário dos

EUA. Atordoados parlamentares que, ao invés de se exporem a si e à nação ao ridículo, deveriam, sim, naquilo que depende da esfera de suas atribuições, diligenciar de forma a se obter e manter a autossuficiência do país em meios aeronavais realmente capazes de dissuadir qualquer oponente que, pelo seu porte, fosse mais atrevido.

Deve nos motivar o fato de nosso parque industrial já ter sido um reconhecido exportador de material bélico. Fabricamos, nos anos 80, o blindado sobre lagartas considerado o melhor do mundo para aquela época, o Osório, carro de combate ainda superior ao atual Leopard comprado na União Europeia, fazendo- se necessário o convencimento de que não será por beneplácito desta ou daquela potência que vamos ocupar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Há que se produzir para ser respeitado há que se ter competência para transformar paus e pedras em armas que façam jus às garantias que a nação exige!

Paulo Ricardo da Rocha Paiva é doutor em ciências militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.

1 Comentários

  1. de todos os posts que eu vejo na internet sobre o assunto foi oq me deu mais segurança de que nosso país vem sendo censsurado pelos EUA entao vamos começar abrir os olhos e nos preparar para o pior!!!!

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