Navio-hospital é cartão de visitas norte-americano

DO ENVIADO A PORTO PRÍNCIPE - Folha de SP

A imagem que os EUA tentam transmitir no Haiti não é apenas a de soldados armados, de óculos escuros e permanente cara de mau passeando por Porto Príncipe. É também a de Gabrielle Estalin, 12, passageira do USNS Comfort, navio-hospital da Marinha americana ancorado a quatro quilômetros da capital haitiana.

O Comfort é o principal argumento dos americanos para se apresentarem não como uma força de ocupação, mas de assistência. Um ex-petroleiro de 60 mil toneladas, o navio é bem visível de terra firme.

Gabrielle, ferida na perna esquerda quando um pedaço de muro de sua casa desabou, é uma dos 420 pacientes a bordo. Deitada numa cama, era atendida por uma médica apreensiva com a chegada de jornalistas que rapidamente a cercaram. "Estou bem", limitou-se a dizer Gabrielle bem baixinho.

A maioria dos pacientes chega de helicóptero, para aliviar os precários hospitais da capital haitiana. Ontem, a Folha visitou o navio a convite dos EUA, ao lado de jornalistas franceses e britânices.
 
De lancha, são 20 minutos até o Comfort, e no caminho a tripulação americana joga ao mar dois pacotes de "MRE" (refeição pronta para comer, na sigla em inglês) e tubos de protetor solar ao cruzar com um barco a remo com três haitianos.
 
"É a melhor coisa que eles vão comer pelos próximos anos", diz um dos tripulantes.
 
O navio chegou de Baltimore (EUA) na semana passada. "Estamos preparados para ficar seis meses aqui", diz o tenente Bashon Mann.

O navio tem dez salas de cirurgia e capacidade de tratar de lesões cranianas, fraturas, queimaduras e doenças como tétano, malária e tuberculose. A bordo, cem médicos e cem enfermeiras americanos.

"Nós temos capacidade para tratar mil pessoas, mas as camas superiores dos beliches não podem ser utilizadas em casos de fratura, que são a grande maioria", diz Mark Marino, diretor da enfermaria.

Desde que o navio chegou, cerca de 70 pacientes já tiveram alta. Outros dez morreram. E cinco bebês nasceram.

O governo dos EUA tomou o cuidado de fechar um acordo prévio com o do Haiti, para evitar qualquer tipo de questionamento quanto à nacionalidade deles. Quem nasce no Comfort é haitiano.
 
Modene Dalphin, 23, esperava sentada com uma máscara aguardando um exame de raio-X. A suspeita era de fratura numa das costelas. "Minha casa desabou. Quando sair daqui, não tenho para onde ir", declarou à Folha.

1 Comentários

  1. Porque é que não fala do que os médicos brasileiros estão fazendo?

    Prefere pegar a reportagem pronta que te passaram do setor de propaganda americano para publicar no seu jornal... que pena que os reporteres estão com o nível tão baixo.

    É claro, é reporter da folha... então está comprometido em falar bem dos verdadeiros patrões, os gringos.

    Esquema folhão, nunca falar bem de nada que seja brasileiro.

    Fica por aí mais tempo, babando, vai lá pedir emprego para eles!

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