Voou mas pode não chegar a voar

Projecto do A-400 volta a ser posto em causa pela Airbus

Área Militar

Embora o primeiro voo do avião de transporte Airbus A-400 tenha ocorrido no final de 2009, depois de grande número de atrasos, a possibilidade de o projecto ser cancelado não deixou de pairar sobre a aeronave, cujo conceito inicial data de 1982.

O avião de transporte europeu, que voou pela primeira vez em 2009, tem por isso quase trinta anos de desenvolvimento de que fizeram parte atrasos, cancelamentos, duvidas, redefinições, lançamentos, relançamentos, encomendas, cancelamentos de encomendas, anúncios de voos inaugurais e respectivos cancelamentos.

Perante todos os problemas há no entanto uma coisa que se manteve, e que é o alto custo de desenvolvimento da aeronave, que não tem parado de aumentar.


Os aumentos são tantos e tão significativos que os governos que apoiaram o desenvolvimento do projecto começam a mostrar o seu desconforto perante o autêntico sorvedouro de recursos em que ao longo dos últimos anos o A-400 se transformou.

Neste momento a Airbus tem montada uma enorme estrutura para iniciar a produção do A-400, mas não existe garantia de que a construção poderá ter inicio, já que não se sabe de onde virá o dinheiro para construir todas as unidades que foram adquiridas.


A Airbus está a gastar 100 milhões de Euros a cada mês só no projecto do A-400 e a empresa precisa de mais dinheiro. Se esse dinheiro não aparecer de algum lugar, a solução é cancelar a construção da aeronave e enviar o A-400 do centro de desenvolvimento directamente para o museu.

Alegadamente o contracto de desenvolvimento do Airbus A-400 previa preços fixos e o aumento galopante dos custos de desenvolvimento fez com que todos os projectos de engenharia financeira que suportavam o desenvolvimento da aeronave tenham efectivamente descarrilado.

As ameaças de cancelamento do projecto vieram de um porta-voz da própria Airbus em declarações à imprensa da Alemanha, e vários comentadores afirmaram que o cancelamento do A-400 não se limitaria a provocar o colapso do programa da aeronave de transporte militar mas afectaria também a própria Airbus Industries.

É por essa razão que outros analistas afirmam que neste momento os governos europeus não podem pura e simplesmente abandonar o projecto, pois seria muito mais caro cancela-lo que financia-lo.


As forças aéreas europeias necessitam de uma aeronave de transporte como o A-400 que pode fazer o mesmo que um C-130 com a vantagem adicional de chegar mais longe com mais carga e que ao mesmo tempo pode competir parcialmente com o Boeing C-17 pois pode operar a partir de pistas curtas ou pouco preparadas, localizadas a grandes distâncias.

O desenvolvimento do A-400 também foi afectado pelos atrasos no desenvolvimento do super Jumbo A-380 da Airbus, para o qual foram desviados recursos de emergência para garantir que não seriam cancelados mais pedidos.


Como resultado, os cancelamentos de encomendas para a aeronave de transporte também ocorreram, com a África do Sul a cancelar a sua encomenda, depois de vários países europeus terem reduzido os seus pedidos. Portugal, que também chegou a colocar uma encomenda para três unidades também cancelou o pedido.

 
Em caso de cancelamento, as forças aéreas europeias terão que recorrer aos norte-americanos, pois apenas o Boeing C-17 tem capacidade para responder a parte dos requisitos. A substituição do A-400 passaria pela utilização conjunta de uma aeronave mais pequena, para 20 toneladas. Entre os possíveis candidatos está o eterno C-130J «Hercules», mas a aeronave de transporte C-390 da Embraer, um bimotor a jacto com capacidade idêntica ao do Hércules, é um dos projectos mais prometedores nesse mercado.

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