Marinha resgata náufragos franceses

Família passou a madrugada sobre rochas

Paulo de Sousa - Diário de Pernambuco

Natal - Depois de terem passado oito horas sobre rochas marítimas, na madrugada da quartafeira, uma família de turistas franceses, resgatada pela Marinha do Brasil, conta os momentos vividos de angústia. O veleiro em que viajavam naufragou após colidir com uma rocha no arquipélago do Atol das Rocas, a 260 km de Natal (RN), "Após o choque, tivemos tempo apenas de retirar os passaportes e um pouco de comida para nos alimentarmos. Ficamos nas rochas até o resgate, com minha mulher machucada. O barco ficou totalmente destruído", conta o bancário Michell Bachaellerie, 55 anos. O capitão de corveta Marcos Simas, comandante da corveta Caboclo, que fez o resgate dos franceses, acredita que houve falha no piloto automático do veleiro, provocando o acidente.

Michell Bachallerie relata que, na madrugada da quarta, ele e seu filho, o estudante Loic Bachallerie, 15 anos, estavam dormindo na parte interna do veleiro "Maia Stella", enquanto sua esposa, a funcionária pública Bernadette Bottacin, 54, estava no convés, conduzindo a embarcação. De acordo com ele, o piloto automático do barco foi ligado, no sentido de guiar o navio enquanto a família descansava. Foi por volta das 2h que a embarcação colidiu com rochas, na encosta do arquipélago.

"Acho que ela não conseguiu ver o farol da ilha por causa da posição das velas".
 
Com o choque, o casco do veleiro, feito de polipropileno, se rompeu, encalhando o barco nas rochas. A família teve tempo somente de pegar os documento e alguma comida. "Pensávamos que iríamos passar vários dias naquele lugar", disse Michell. Segundo ele, sua esposa teve a perna esquerda presa em uma corda, o que provocou um sério ferimento. Os três, então, ficaram sobre as rochas, enquanto via a embarcação se desmanchar, a medida que as ondas jogavam o veleiro contra os arrecifes. Eles até tentaram caminhar em direção ao centro do arquipélago, mas não conseguiram devido à escuridão.
 
Antes de abandonarem o veleiro, no entanto, os franceses acionaram um equipamentochamado de "Epirbe". Foi através dele que conseguiram pedir socorro. O pedido foi ouvido pela equipe da estação biológica do Atol das Rocas, pelo Salvamar Nordeste e postos da Marinha em Fernando de Noronha (PE) e Natal. De acordo com a chefe da estação, Maurizélia Brito Silva, assim que o sinal foi recebido, equipes de resgates foram enviadas, mas não puderam encontrar os náufragos por causa da escuridão.
 
Resgate - Somente ao amanhecer do dia, com várias equipes mobilizadas, a família francesa foi encontrada. "Eles deram sorte de terem batido naquele ponto. Se fosse mais a Nordeste da ilha, por exemplo, eles seriam levados e o resgate teria sido ainda mais difícil", comenta Maurizélia Brito. O ferimento de Bernadette Bottacin foi imediatamente tratado e eles foram acolhidos pela base no arquipélago, até que a corverta Caboclo, aportada em Fernando de Noronha, chegasse para conduzi-los até a capital potiguar, onde eles pretendem passar ainda alguns dias.

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