Obama derruba chefe de tropas no Afeganistão

Jornal do Brasil

Após a polêmica entrevista concedida à revista Rolling Stone, o general Stanley McChrystal, comandante das forças dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão, foi substituído pelo general David Petraeus, ex-chefe da missão americana no Iraque e atual dirigente do Centro de Comando dos EUA. O pronunciamento foi depois do breve encontro de McChrystal com o presidente Barack Obama; o chefe de Estado Maior, almirante Mike Mullen; e o secretário de Defesa, Robert Gates, na Casa Branca.

Em comunicado, McChrystal afirmou que apoia a estratégia do presidente no Afeganistão e que está “profundamente comprometido com nossas forças de coalizão, os países parceiros e o povo afegão”, ao justificar o esperado pedido de demissão.

– A conduta apresentada no artigo recém divulgado não se encaixa no perfil a ser seguido por um comandante geral – atestou Obama em discurso.

– Aceito o debate na minha equipe, mas não vou tolerar divisão.

Obama afirmou que “a guerra é maior que qualquer homem ou mulher”, mas declarou que, apesar da decisão, “continua a admirar” McChrystal, que substituiu o general David McKiernan há um ano, após discordâncias com a estratégia adotada. O presidente pediu que o Senado aprove rapidamente a nomeação de Petraeus para que as tropas “não percam impulso e liderança” nas operações no Afeganistão.

A troca do comando foi lamentada pelo presidente afegão Hamid Karzai.

– Esperávamos que isso não tivesse acontecido, mas a decisão foi tomada e temos de respeitá-la – informou o porta-voz Waheed Omer.

Em todos os anos da guerra, o general foi o que conseguiu estreitar os laços com o governo local. A decisão de McChrystal de diminuir o número de ataques aéreos reduziu drasticamente a morte de civis.

Porém, mesmo com a presença de 1.500 soldados estrangeiros no território, o Talibã está em seu momento mais forte desde a queda, em 2001, no Afeganistão.

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, afirmou que, mesmo com a demissão, seguirá a estratégia traçada pelo comandante. A organização, que contabilizou 75 mortos em junho, a maior baixa desde 2001, não é obrigada a aprovar a troca.

Feridas expostas

A perda do chefe no país em que a guerra se arrasta há nove anos pode representar uma vitória do vice-presidente Joe Biden, um dos principais alvos das críticas de McChrystal e sua equipe, sobre a estratégia americana no país.

Segundo o Washington Post, a tensão entre os dois começou na revisão da estratégia de contra a insurgência, em que Biden defendia um ataque maior aos líderes da Al Qaeda, e McChrystal visava proteger os civis e dar força ao governo afegão. O plano do general foi adotado mas foi alvo de dúvidas, já que não houve mudanças efetivas.

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