Futuro do KC-390 da Embraer parece assegurado

Possíveis encomendas e interesse generalizado garantem sucesso

Área Militar

Nos últimos dias, o projecto de cargueiro militar da brasileira Embraer, tem sido alvo da atenção internacional, com a declaração por parte de vários países da sua intenção de participar no processo de desenvolvimento e de adquirir a aeronave.

Além do Brasil, que já adiantou uma pré encomenda de 28 unidades, dois países da América do Sul demonstraram interesse na aeronave brasileira, a saber, o Chile e a Colombia. Ambos os países possuem aeronaves de transporte do tipo Hercules C-130.

Nesta semana, a República Checa que demonstrou interesse no desenvolvimento do projecto e na aquisição de duas aeronves, juntou-se a Portugal, que também anunciou que iniciará contactos com a empresa brasileira para estudar as possibilidades de cooperação.

Portugal possui seis aeronaves de transporte C-130 (três delas na versão extendida H-30) e a sua substituição futura tem sido discutida pelos militares.

Há aproximadamente um ano, a França também demonstrou interesse em participar no projecto e em adquirir doze aeronaves, fazendo no entanto depender a compra da decisão brasileira de aquisição de aeronaves de combate no programa de aquisição conhecido como F-X2, o qual ainda se encontra por concluir.

A Argentina, também já demonstrou interesse no projecto de cargueiro brasileiro embora não haja dados mais recentes sobre esse interesse.

É sabido que o interesse demonstrado por vários países também está directamente ligado com a possibilidade de participar no projecto no entanto, são sinais interessantes para o fabricante escolher os parceiros com que prosseguirá o projecto.

Para já o interesse de dois países europeus na aquisição do KC-390 é importante, porque sendo países da NATO, isso implica que a aeronave terá que responder aos quesitos necessários para operar num país daquela aliança militar.

Muitas forças aéreas de países da aliança estão equipadas com aeronaves de transporte C-130. O modelo europeu Airbus A-400 é bastante maior, mas acima de tudo é muito mais caro, podendo atingir um preço que se estima em até o triplo do preço estimado para o cargueiro brasileiro.

A entrada nos mercados europeus, poderia mesmo estabelecer a aeronave brasileiro como cargueiro médio de referência. Ele pode substituir o C-130, e também o Transal franco-alemão, que ainda está em serviço.
Se mais países da NATO optarem por adquirir a aeronave, ou mostrarem interesse na sua utilização, o KC-390 arrisca-se a tornar-se numa aeronave de referência nas forças de transporte dos países ocidentais. Países fora da Europa, que também possuem aeronaves KC-130 ou aeronaves soviéticas em fim de linha também poderão ser mercados potênciais.

Com uma capacidade de transporte estimada entre as 22 e as 23 toneladas, o KC-390 transporta até mais 20% de carga que o Hercules C-130J, a versão mais recente da aeronave da Lockeed. Os seus motores terão uma potência 35% superior à da aeronave norte-americana (18,548 contra aproximadamente 25,000kgf), mas a autonomia do avião brasileiro será inferior à do norte-americano, a acreditar nos valores estimados .

Em seu desfavor a Embraer tem o facto de nunca ter construído uma aeronave do tipo, o que poderá atrasar o normal desenvolvimento do projecto. A aeronave também pode ser vista como um desenvolvimento de «asa alta» do avião comercial Emb-190, o transporte regional de médio curso da empresa e até ao momento a maior aeronave produzida pela Embraer. Neste caso o KC-390 estaria mais próximo do avião em termos de conceito do C-295 da EADS/CASA, que foi uma adaptação de uma aeronave inicialmente desenhada para o mercado civil, e que é mais adequada para operações de transporte militar, mas pouco preparada para pousos em pistas mal preparadas.

Em seu favor porém, a Embraer tem a vantagem de ter um historial que vem dos anos 70, quando começou por fabricar pequenas aeronaves de carga (EMB-120 Bandeirante), que fizeram a imagem da empresa como construtora de aeronaves resistentes e capazes de resistir às difíceis condições de operações da Amazónia. Posteriormente a sua linha de jactos comerciais, ficou mesmo conhecida como «Jungle Jets», ou literalmente jactos da selva.

Concorrência.

Nos países ocidentais o único concorrente claro para o KC-390 é o C-130J, que tem várias vantagens, mas aparece como demasiado caro além de relativamente ultrapassado. Mais recentemente foi anunciado o desenvolvimento conjunto entre Rússia e Índia de uma aeronave com características idênticas, o MTA, que no entanto terá dificuldades em se afirmar nos competitivos e exigentes mercados europeus.

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