Gripen está cumprindo promessas do fabricante na África do Sul

Informação é de engenheiros do Conselho de Pesquisa Científica e Industrial do país, envolvidos no programa de aquisição do caça

Poder Aéreo

Nesta quarta-feira, 1º de setembro, o Engineering News publicou matéria sobre o Conselho de Pesquisa Científica e Industrial (CSIR) da África do Sul, com informações de engenheiros envolvidos no programa do Gripen para a Força Aérea Sul Africana (SAAF).

Segundo a matéria, o Gripen, embora ainda esteja na fase de entrada em serviço (comissionamento) na SAAF, já está cumprindo promessas feitas pelo seu fabricante, a sueca Saab. Como aeronave em comissionamento, ainda é classificado como projeto e não como um vetor operacional. Ainda assim, foi usado para prover segurança aérea e aplicar as restrições de zonas de voo durante a Copa do Mundo 2010, realizada em junho e julho, operando desdobrados de sua base original (Makhado AFB).

O engenheiro-chefe de radar e sistemas de guerra eletrônica, Francois Anderson, afirmou que “os pilotos relataram que a aeronave estava cumprindo suas promessas: pilotagem livre de preocupações, integração de aviônicos, excelente consciência situacional, facilidade para operar fora da base e rápido ‘turnaround’. (tempo em solo para reabastecer e preparar a aeronave para decolar novamente).

O engenheiro de modelagem e simulação John Monk, do CSIR, informou que “a ferramenta de simulação tática do CSIR foi empregada pela SAAF para determinar as táticas para proteção da Copa do Mundo. O CSIR fornece capacidade de simulação de missões para a SAAF, com o objetivo de assisti-la no desenvolvimento de táticas. O CSIR não desenvolve táticas, isso é com a SAAF.”

O desenvolvimento de um sistema de simulação tática para o Gripen envolveu o projeto de modelos digitais do avião, de seu receptor de alerta radar, dos mísseis (utilizando dados fornecidos pela fabricante local de mísseis, a Denel Dynamics) e do datalink.

Esse sistema também foi conectado ao demonstrador virtual de sistema de defesa aérea baseado no solo (Virtual Ground Based Air Defence System demonstrator) do CSIR, e espera-se que, no futuro, possa ser adicionada a funcionalidade de visor montado no capacete (Helmet Mounted Display) ao sistema de simulação tática do Gripen, ligando-o também aos simuladores de voo do Gripen e do Hawk, na Base Aérea de Makhado.

Anderson acrescentou que o Gripen tem integrado continuamente aviônicos digitais com fusão de dados. Destacou também que o Gripen, além de ter sido projetado para guerra centrada em redes, sendo bem equipado para guerra eletrônica e contando com um design bastante furtivo, foi modificado para atender aos requerimentos de voos mais longos da SAAF. Para isso, foi incorporada uma sonda de reabastecimento em voo e suprimento extra de oxigênio para o piloto. A respeito do datalink, foi divulgado que a aeronave também incorpora o Link ZA, de concepção local, que emprega rádios projetados e fabricados na África do Sul.

Programa também impulsiona conhecimento especializado em radares na África do Sul

A ‘expertise’ do país em radares aerotransportados também foi reforçada pela aquisição do Gripen, na opinião de  Francois Anderson. O engenheiro afirmou que “nós temos mais informações a respeito do radar PS-05A (que equipa o Gripen) do que sobre qualquer outro radar estrangeiro já adquirido pela África do Sul”.

O CSIR acumula décadas de experiência com radares em geral e vários anos com radares de caças, sendo o instituto de pesquisas e de avaliação de sistemas de radar designado pelo Departamento de Defesa. Essa ‘expertise’ existente permitiu ao CSIR extrair, na aquisição do PS-05A, o máximo de benefícios para o país e a SAAF, pois os especialistas sabiam as questões certas para perguntar aos Suecos, e sobre que tipo de informação perguntar. Envolvidos no programa de aquisição desde o começo, o que incluiu as negociações do contrato, puderam persuadir os suecos a fornecer todas as informações desejadas.

As informações técnicas detalhadas foram coletadas em uma série de visitas à Ericsson, na Suécia, e com base nelas e no conhecimento já existente, o CSIR pôce requisitar modificações no funcionamento do radar para atender às condições Sul Africanas.

Assim, foi adicionado um modo de mapeamento de condições do tempo (necessário devido à frequência de tempestades fortes no país). O modo ar-mar também foi ajustado, para responder às diferenças significativas em condições de mar do Atlântico Sul e Índico Sul, comparado às condições do Mar Báltico. Além disso, o programa do PS-05A permitiu desenvolver uma equipe de jovens profissionais de radar na África do Sul.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem