Wikileaks: Do péssimo desempenho das forças britânicas no Afeganistão

Quintus

Há uma crença generalizada de que as forças militares britânicas se contam entre as melhores do mundo. Ora essa crença recebeu um golpe violento com a divulgação pela Wikileaks da opinião de diplomatas norte-americanos segundo os quais os militares britânicos teriam tido uma “péssima prestação” no terreno de batalha, na província afegã de Helmand, entre 2007 e 2009.

Os diplomatas norte-americanos dizem que os britânicos não foram capaz de assegurar níveis mínimos na província e que “foram incapazes de se relacionarem com a população de Helmand”. A incapacidade britânica terá sido tal que o presidente Karzai “teria ficado contente ao saber que seriam substituídas pelos Marines dos EUA” e em janeiro de 2009, o governador provincial de Helmand, Gulab Mangal, declarou a Joe Biden que era urgente a chegada das forças americanas porque os britânicos “não garantiam a segurança de Sangin, nem sequer no principal bazar da cidade” acrescentando “Não tenho nada contra eles [britânicos] mas têm de sair das suas bases e contactar a população”.

Estas indicações são reflexo de uma percepção generalizada de que o Reino Unido não estava preparado para uma guerra de tão elevada intensidade, travada num cenário tão longínquo e adverso como o afegão. Depois de décadas de desinvestimento na Defesa e perante um desafio muito superior às suas capacidades o exército britânico nas soube estar à altura dos seus pergaminhos e deu esta triste figura de si.

A baixa moral das forças britânicas no Afeganistão já era comentada há muito nos meios da OTAN e o facto de as suas baixas sem mais altas, aqui, do que (proporcionalmente) as próprias baixas durante a Segunda Grande Guerra explicam as críticas afegãs quanto aos britânicos “não saírem dos quartéis”… embora o temperamento tradicional britânico – entre o reservado e o arrogante – tenha também dado a sua quota parte para esta avaliação.

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