Na Itália, acordo militar é barrado

Segundo deputada, decisão "evita manipulações do caso Battisti"
 Vera Gonçalves de Araújo - O Globo
 
ROMA e BRASÍLIA. Doze dias após o ex-presidente Lula decidir não extraditar o ex-militante italiano Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua em seu país por quatro assassinatos cometidos na década de 1970, os parlamentares italianos resolveram barrar ontem a aprovação de um acordo de cooperação militar entre a Itália e o Brasil.

 
Por unanimidade, os deputados decidiram reenviar para a comissão competente o texto do acordo, que prevê o desenvolvimento bilateral de projetos para a construção de navios e fragatas, além da realização de patrulhas. Fiamma Nierenstein, deputada do Partido da Liberdade, do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, disse que a decisão é "uma pausa de reflexão para evitar manipulações do caso Battisti".

 
- O adiamento do debate parlamentar, que decidi propor aos chefes de todas as bancadas parlamentares, de nenhuma forma comporta uma retaliação ou uma renúncia ao acordo de cooperação ou às relações bilaterais com o Brasil. É necessário, visto o clima tenso que deriva do caso Battisti, para evitar qualquer tipo de manipulação - disse Fiamma.

 
O ministro do exterior italiano, Franco Frattini, dissera na semana passada que dificilmente o acordo militar entre Brasil e Itália seria ratificado em janeiro, como previsto. Depois, foi desmentido por uma nota oficial de seu próprio ministério.

 
Em Brasília, o DEM vai ajuizar hoje uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o parecer da Advocacia Geral da União (AGU), que sustentou a decisão de Lula. Na ação, o DEM argumenta que apenas o STF pode julgar um processo de extradição. Em 2009, a Corte julgou o caso, e os ministros autorizaram a extradição, mas deram ao presidente a última palavra.

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