A experiência do Haiti

Correio do Povo

64 militares retornaram da missão e ontem reencontraram as famílias, em cerimônia na Capital O Comando Militar do Sul (CMS) realizou na tarde de ontem a cerimônia de desmobilização da tropa do 4º escalão que integra o 13º Contingente de Força de Paz da ONU no Haiti. A tropa, composta por 64 militares (14º do Batalhão de Infantaria e 50 da Companhia de Engenharia), chegou ao Brasil na madrugada de domingo na Base Aérea de Canoas.
 
A cerimônia foi realizada no 3º Batalhão de Polícia do Exército, na Capital, onde o grupo passa por uma quarentena de cinco dias para realização de exames médicos, laboratoriais e psicológicos, devolução de passaportes e de material individual e coletivo. "Todos mostraram desprendimento, espírito humanitário e vontade de ajudar o próximo. Voltaram de cabeça erguida e com a certeza de missão cumprida", afirmou o titular do CMS, general de Exército Túlio Cherem.

 
A solenidade serviu para o reencontro dos militares com suas famílias. O 3º sargento Rogério Carlos Martins Campos não conseguiu conter as lágrimas ao pegar no colo o filho de 1 ano e 1 mês, que não via havia três meses, e ao abraçar a esposa e o filho de 11 anos.

 
Dos 64 militares que retornaram do Haiti, duas eram mulheres. A capitão médica do Hospital Militar de Área de Porto Alegre Fabiana Balbino Santana Fuck atuou no atendimento a militares. Os casos mais frequentes eram de dores ósseas musculares, por causa do peso dos equipamentos e do calor excessivo, e doenças respiratórias, causadas pela poeira. Fabiana espera a dispensa de 15 dias após reapresentação no Hospital Militar, para ir ao Rio buscar as duas cadelas Labrador que deixou com a mãe. Ela teve a sorte de passar os seis meses no Haiti ao lado do marido, o capitão médico da Companhia de Engenharia Jackson Erasmo Fuck, com quem é casada há nove anos.

 
A 3 sargento técnica de Enfermagem do Hospital de Guarnição de Alegrete Renata Dalosto Bicca Legramante teve a Internet como aliada para se sentir perto do marido e do filho de 12 anos. Ela dividiu com eles a experiência de trabalhar em um orfanato com 47 crianças e adolescentes dos 3 aos 14 anos órfãos ou abandonados, em Porto Príncipe. "Deixei um pedaço do meu coração. A despedida das minhas crianças ainda dói um pouco."

 
Renata, que chegou ao Haiti em 5 de agosto de 2010, contou que, mesmo sem falar francês, se comunicava por gestos, mímica e muito carinho. "A gente recebe treinamento e acha que está 100% preparado. Mas a chegada é chocante." Renata e a família vão descansar em Santiago, sua terra natal, e depois irão morar em Uruguaiana. Permanecem no Haiti 130 militares gaúchos.

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