Orçamento: o primeiro adversário dos Jogos Mundiais Militares José Cruz

Especial para o Contas Abertas

Mesmo apresentando um cronograma atualizado em todas as frentes de preparação para os V Jogos Mundiais Militares do Rio de Janeiro, resultado de um planejamento que envolveu 19 ministérios, com a marca da organização das Forças Armadas, o comando do evento enfrenta a apreensão de ver os recursos necessários nesta reta final entrarem na cota de “contingenciamento” do governo federal.

A cinco meses da abertura dos Jogos – de 16 a 24 de julho – o Brasil ainda não tem sancionado o orçamento federal para 2016. O documento, aprovado pelo Congresso Nacional ao apagar das luzes do ano legislativo de 2010, ainda aguarda a assinatura da presidente Dilma Rousseff, que, com a equipe econômica, estuda possíveis cortes. A surpresa será se tiver valores contingenciados para os jogos, isto é, suspensão de gastos por alguns meses.

Caso isto ocorra, os organizadores terão problemas para gastar bem em curto prazo, como exige a administração pública e, principalmente, o Tribunal de Contas da União (TCU), auditor das verbas do governo. E, para evitar problemas, como os ocorridos no Pan 2007, quando o orçamento saltou de R$ 400 milhões para R$3,5 bilhões, uma força de trabalho formada por especialistas em finanças e licitações das três Forças – Exército, Marinha e Aeronáutica – já trabalham para adequar o cronograma aos recursos disponíveis.

Mas, enquanto o orçamento de 2011 não é sancionado, as necessidades financeiras da organização dos jogos são atendidas com R$ 25 milhões de verba suplementar, mas apenas para despesas de custeio, como água, luz, telefone e folha de pagamento. O valor ainda é tímido, já que a previsão orçamentária para 2011 chega a R$ 618 milhões. Ao todo, os Jogos Militares do Rio de Janeiro têm orçamento total de quase R$ 1,5 bilhão, distribuídos em execuções financeiras desde 2009.

Os dados oficiais indicam que em 2009 e 2010 o Comitê Organizador teve R$ 845 milhões aprovados. Desse total, empenhou (reservou no orçamento) R$ 836 milhões e aplicou efetivamente R$ 551 milhões, conforme execução orçamentária atualizada até 17 de janeiro último.

Na prática, o mundial é um evento chave para mostrar a capacidade do Brasil de receber as maiores competições do esporte mundial. Cerca de seis mil atletas de mais de 100 países disputarão medalhas em 20 modalidades, masculina e feminina.

Mesmo sem ser um evento-teste à Copa 2014 e Olimpíadas 2016, os Jogos Mundiais Militares colocarão à prova muitas estruturas do Rio de Janeiro, como a capacidade de atendimento e movimentação nos aeroportos, a facilidade de deslocamento das delegações pela cidade e, principalmente, o sistema de segurança em todos os seus níveis. O quesito “segurança” terá investimentos totais de R$ 45,5 milhões, sendo que até 17 de janeiro já havia sido executado R$ 29,9 milhões, conforme informação da assessoria do comando organizador.

Vila dos Atletas

Esta é a primeira vez que os atletas não ficarão hospedados em instalações militares. Para tanto estão sendo construídas três Vilas Olímpicas Militares, que deverão ser concluídas em março, ao custo total de R$ 434,2 milhões. São elas a Vila Branca, em Campo Grande, para 2.358 competidores; Vila Verde, na Vila Militar, em Deodoro, para 2.346 pessoas; e a Vila Azul, no Campo dos Afonsos, para 2.396 atletas. Após os Jogos, essas instalações serão destinadas a militares das três Forças.

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