EUA querem consenso para intervenção

Secretário de Defesa americano, Robert Gates, diz que país não entrará sozinho em outra guerra; Washington aguarda uma decisão na Otan
 
Denise Chrispim Marin - O Estado de S.Paulo

 

Os Estados Unidos apostam na obtenção de consenso na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) sobre uma eventual intervenção militar na Líbia, como forma de evitar uma ação unilateral e a transformação desse país em uma "Somália gigante".
 
Ontem, a secretária de Estado Hillary Clinton mudou sua posição e mostrou-se reticente à imposição de uma zona de exclusão aérea pelos EUA - iniciativa com intenção de dar cobertura à ação dos rebeldes líbios. O secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, manteve a pressão sobre o governo de Muamar Kadafi ao assinalar que há várias opções. Mas Gates enfatizou que o governo americano não entrará sozinho em outra guerra.

 
"Se movermos mais tropas, quais serão as consequências para o Afeganistão, para o Golfo Pérsico? E quais outros aliados estão preparados para atuar conosco (na Líbia)? Nós temos também de pensar com franqueza sobre o uso da força militar dos EUA em outro país do Oriente Médio", afirmou o secretário de Defesa americano.

 
Dois navios anfíbios e 400 marines estão a caminho do Mar Mediterrâneo, por ordem do presidente americano, Barack Obama. Até ontem, o Pentágono dizia não ter informações sobre o local onde essas forças deverão ser aportadas.

 
Entre as opções estratégicas dos EUA estão o abastecimento de armas aos rebeldes líbios e uma discreta parceria com a Liga Árabe. Mas ambas as medidas são avaliadas com cautela pelo Pentágono.

 
O fornecimento de armas é uma demanda dos rebeldes da Líbia, ainda não atendida pelo governo Obama, mas estimulada com força por líderes do Partido Democrata no Senado. Entre eles, o senador Joe Lieberman, para quem o momento atual é de "ação, não de discursos".

 
A Liga Árabe abriu uma alternativa aos EUA, ontem, ao anunciar uma possível adoção de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, em parceria com a União Africana.

 
Na semana passada, o governo líbio foi suspenso da organização por causa da sua reação violenta aos protestos pró-democracia. "A Liga Árabe não vai ficar de braços cruzados enquanto o sangue de nossos irmãos líbios é derramado", declarou ontem o egípcio Amr Moussa, presidente da entidade.

 
Conveniência. A Otan ainda não chegou a um consenso sobre o uso da força contra o governo líbio, segundo enfatizou Gates.

 
A França pretende refletir sobre a conveniência de uma guerra no Mediterrâneo. A Alemanha opõe-se mais claramente ao possível conflito. Já a Grã-Bretanha acredita ser inevitável uma ação militar.

 
"Uma de nossas maiores preocupações é a Líbia cair no caos e se tornar uma Somália gigante", disse Hillary aos senadores americanos, referindo-se ao fato de o país do Norte da África ser considerado uma área livre para abrigo de ativistas da Al-Qaeda e outros grupos fundamentalistas islâmicos.

 
A principal dificuldade para a Otan fechar uma posição comum está na ausência de uma autorização do Conselho de Segurança das Nações Unidas que permita a ação militar.

 
A resolução aprovada na semana passada pelo organismo internacional impôs sanções contra a Líbia, mas ficou distante de uma ação mais rigorosa.

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