Otan aceita assumir o comando das operações militares na Líbia; Trípoli e Sirte sob bombardeio

Do UOL Notícias*
Em São Paulo

A Otan decidiu neste domingo assumir as operações de proteção da população civil líbia, o que implica a direção dos ataques contra alvos terrestres, afirmou neste domingo o secretário-geral da Aliança Atlântica, Anders Fogh Rasmussen, em um comunicado.


"Solicitamos ao alto comando operacional da Otan que implemente a execução desta operação imediatamente", afirmou Rasmussen.


A Otan decidiu assumir o comando de todas as operações militares na Líbia neste domingo, durante uma reunião dos 28 embaixadores de seus países membros em Bruxelas.

A Aliança Atlântica já havia se encarregado de impor o embargo de armas no Mediterrâneo e da zona de exclusão aérea estabelecida no espaço aéreo líbio.


A Otan substituirá assim os Estados Unidos, que dirigiram até agora a intervenção militar realizada pela coalizão internacional desde 19 de março.


O general canadense Charles Bouchard foi designado comandante de todas as operações da Aliança na Líbia.

 

Trípoli e Sirte sob bombardeio

Um intenso bombardeio começou na noite deste domingo sobre a cidade portuária de Sirte, cidade natal do líder líbio, Muammar Gaddafi, e seu reduto, sobre o qual os milicianos pretendem atacar amanhã, informou o canal "Al Jazeera".

Os milicianos detiveram seu avanço em Ben Jawad, a caminho entre Sirte e Ras Lanuf, o enclave petroleiro que neste domingo caiu em suas mãos.

Na capital Trípoli, testemunhas disseram ter ouvido seis grandes explosões. A coalização ocidental abateu áreas civis e militares, noticiou um canal de TV líbio, atribuindo a informação a uma autoridade militar.

"Áreas civis e militares em Trípoli foram bombardeadas há pouco tempo por agressores colonialistas", disse a TV líbia.

 

Confronto em Misrata

Forças leais ao ditador líbio, Muammar Gaddafi, lutaram com rebeldes no centro de Misrata neste domingo, disse um rebelde à Reuters.

"Durante todo o dia ouvimos combates entre os rebeldes e as forças de Gaddafi na área da rua Tripoli, no centro da cidade", disse o rebelde, chamado Sami. "Ouvimos tanques, morteiros e armas sendo usadas. Isso continua agora. Não há mortos por enquanto hoje."

Aviões franceses atacaram, neste domingo, vários veículos blindados do exército de Gaddafi e um importante depósito de armas na região de Misrata e Zintan..

Misrata é a terceira maior cidade da Líbia e ponto estratégico entre Trípoli e Sirte. Um médico de declarou à AFP que 117 pessoas morreram desde 18 de março na cidade, tomada pelos rebeldes e cercada pelas tropas do ditador.
 

Rebeldes querem exportar petróleo

Os rebeldes líbios, que neste domingo reconquistaram o porto petroleiro de Ras Lanuf e a localidade de Ben Jawad, no leste do país, continuam sua contra-ofensiva rumo a Sirte, cidade natal do ditador Muammar Gaddafi, e anunciaram que pretendem retomar as exportações de petróleo em breve.

Os campos petrolíferos nestas regiões produzem entre 100 mil e 130 mil barris por dia, afirmou neste domingo um porta-voz da insurreição, indicando que a oposição planeja retomar as exportações em menos de uma semana.

"Produzimos de 100 mil a 130 mil barris por dia e podemos facilmente aumentar este ritmo até 300 mil barris por dia", declarou Ali Tarhoni, representante dos rebeldes encarregado de questões econômicas, financeiras e petroleiras, durante entrevista coletiva em Benghazi.

De acordo com Tarhoni, o órgão político que representa os rebeldes assinou um acordo com o Qatar que delega ao emirado a comercialização do cru.

As exportações devem ser reiniciadas "em menos de uma semana", destacou o porta-voz.

Ben Jawad, posição mais avançada dos rebeldes na primeira ofensiva em direção ao oeste da Líbia, no começo de março, havia sido retomada pelas forças leais a Gaddafi.

Nos últimos três dias, as forças insurgentes conquistaram sucessivamente as cidades de Ajdabiya, ponto estratégico a 160 km de Benghazi, Brega, Ras Lanuf e Ben Jawad.

As tropas de Gaddafi haviam expulsado os rebeldes de Ras Lanuf no dia 12 de março.

A refinaria fica 370 quilômetros a oeste de Benghazi, bastião da rebelião no leste, e a 210 quilômetros de Ajdabiya, cidade estratégica controlada pelos insurgentes desde sábado.

Ao longo da estrada, perto da refinaria de petróleo, é possível ver os rastros dos confrontos: munições abandonadas e construções parcialmente destruídas.

Os insurgentes tomaram em seguida a localidade de Ben Jawad, 30 km a oeste de Ras Lanuf. 

 
Gaddafi recua

As forças de Gaddafi continuam recuando em direção a Sirte, que fica 200 km a oeste.

Segundo um habitante de Sirte, a cidade foi bombardeada durante toda a noite pela coalizão internacional, provocando danos consideráveis.

"A cidade se transformou em uma bola de fogo", contou, indicando que a maioria dos moradores, apavorados, fugiu para o deserto.
 

EUA vão reduzir papel militar

Os Estados Unidos vão reduzir o seu papel militar na zona de exclusão aérea na Líbia por volta da próxima semana, enquanto outras nações começam a se concentrar em como tirar Muammar Gaddafi do poder, disseram neste domingo importantes autoridades norte-americanas.

Em entrevistas a canais de TV, os secretários de Estado e de Defesa dos EUA levantaram a possibilidade de que o regime de Gaddafi possa desmoronar e disseram em uma conferência em Londres na terça-feira que vão discutir estratégias políticas para acabar com um governo que há 41 anos comanda uma das nações exportadoras de petróleo da África.

Os Estados Unidos e outros países começaram a bombardear a Líbia em 19 de março e impuseram uma zona de exclusão aérea para impedir que as forças de Gaddafi atacassem rebeldes e civis no leste do país. A Líbia é o mais recente país árabe a registrar levantes contra um regime autoritário.

Rebeldes líbios têm se dirigido ao oeste do país para recuperar territórios abandonados pelas forças em retirada de Gaddafi, que têm sido enfraquecidas por ataques aéreos ocidentais e, de acordo com o secretário de Defesa norte-americano, Robert Gates, são em grande parte incapazes de reagir.

*Com informações das agências internacionais.
 

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