Jobim admite necessidade de 'ajustes na fronteira' para combater tráfico

Ministro da Defesa diz que Brasil, Colômbia, Bolívia e Peru terão ações coordenadas.

O Estado de SP - BBC Brasil
 
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse à BBC Brasil que é necessário "fazer alguns ajustes na fronteira" do Brasil com Colômbia, Bolívia e Peru para combater a entrada do tráfico de drogas no território brasileiro.


As declarações de Jobim foram feitas durante sua viagem à Buenos Aires, na última semana, para participar da inauguração do Centro de Estudos Estratégicos de Defesa (CEED), do Conselho de Defesa da Unasul (União Sul-Americana de Nações).

 
Segundo o ministro, os traficantes de drogas têm utilizado com mais frequência os rios e estradas que ligam o Brasil a seus vizinhos no continente. "Eles têm usado mais a ligação fluvial do que as pistas clandestinas de avião", afirmou.

 
Jobim viajará no dia 24 de junho para a Colômbia, junto com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para reuniões com autoridades colombianas em que serão definidas "operações conjuntas" na fronteira entre os países.


"Precisamos ampliar nossa área de combate ao tráfico de drogas e aumentar a vigilância da Cabeça do Cachorro para baixo", afirmou. A região conhecida como Cabeça do Cachorro fica no Estado do Amazonas, na fronteira com a Colômbia.

 
Ações coordenadas

 

O ministro disse ainda que, do lado brasileiro, as ações serão coordenadas entre o Exército, a Força Nacional, a Polícia Federal e a Policia Rodoviária Federal. "Na Colômbia, o combate ao trafico faz parte dos trabalhos do Exército. E nós vamos atuar conjuntamente", disse.
 
Ele destacou que, do encontro, sairá um "modelo de ação" que o Brasil vai propor também às autoridades da Bolívia e do Peru, em reuniões que ainda serão agendadas. "No caso da Bolívia e do Peru, atuaremos, principalmente, com a Polícia Federal."

 
De acordo com Jobim, o número dos pelotões no lado brasileiro das fronteiras será ampliado de 24 para 49 nos próximos meses. Cada pelotão tem pelo menos 90 soldados.

 
Segundo dados recentes da Polícia Federal, a entrada da cocaína boliviana aumentou no Brasil.

 
"O Brasil passou a ser corredor da cocaína boliviana, que é definida pelos especialistas como de péssima qualidade. Esse assunto virou questão de polícia e de saúde pública também", afirmou um negociador brasileiro.

 
Em uma palestra recente em Bogotá, o professor Alejandro Gavíria, da Faculdade de Economia da Universidade De los Andes, disse que a produção de cocaína está caindo na Colômbia, mas que o país voltou a ser "passagem" da droga dos países vizinhos para outros países.

"Na guerra contra o narcotráfico, a vitória nunca é definitiva. A produção da folha da coca voltou a ser intensificada na Bolívia e no Peru e caiu na Colômbia. Mas a Colômbia voltou a ser terreno forte para o trafico."


Gavíria afirmou ainda que a logística do tráfico ficou mais sofisticada nos últimos tempos. A prova disso foi a apreensão de um submarino que levaria cocaína para o México. "Se nós, latinos, não assumirmos esse problema conjuntamente, será muito difícil", disse.

 
Colômbia e Peru são considerados pela ONU como os dois maiores produtores de cocaína do mundo com, respectivamente, 410 toneladas e 300 toneladas produzidas em 2010. 

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