Eles querem IME e ITA

Estudantes focam nos concursos militares e deixam Enem de lado por causa da data

O Globo
 
Nem todo vestibulando dorme e acorda pensando no Enem. Para quem quer uma vaga no Instituto Militar de Engenharia (IME), no Rio, ou no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), no interior de São Paulo, o exame nacional não vale nada. 


A missão dessa tropa é encarar as provas mais difíceis do Brasil. As inscrições para o IME vão até o dia 2 de setembro pela internet. Já para o vestibular do ITA, a data limite é 15 de setembro, também pela internet. Presenças confirmadas nas provas, os alunos do curso preparatório Roquette, na Tijuca, sabem que precisam se dedicar muito para passar.
 
— Para quem está aqui (no curso), a vontade de estudar é muito maior, porque vamos fazer vestibulares dificílimos — afirma Rafael Chaves, que quer passar para o IME.

 
O professor Ricardo Secco, do Roquette, aponta a prova do instituto da Urca como mais complicada do que a do ITA. Ele mesmo encontra dificuldades para resolver algumas questões.

 
— O nível de exigência e de profundidade das disciplinas nessas avaliações é muito grande. As questões são surpreendentes até para nós professores, que precisamos parar e pensar como resolver.

 
No IME, os alunos enfrentam uma primeira fase composta por provas de múltipla escolha de matemática (15 questões), física (15 questões) e química (10 questões). Para passar para a segunda fase, é preciso ter pelo menos 20 acertos, com aproveitamento em cada disciplina maior que 40%.

 
Até o ano passado, todos os candidatos faziam as duas fases e só depois sabiam da eliminação, ou não, na primeira etapa. Para evitar um desgaste desnecessário e diminuir problemas logísticos, em 2011 só quem atingir os requisitos mínimos fará as avaliações discursivas de matemática, química, física, português e inglês.

 
No ITA, não há provas múltipla escolha, só discursivas, co- mo na segunda fase do IME. A decisão das duas seleções de não cobrar história e geografia faz a alegria dessa galera.

 
— Se preparar para os concursos militares é bem melhor, não tem nem história nem geografia — brinca o estudante Brunelli Cupello, que sonha com Engenharia Química no IME.

 
Neste ano, o Enem cairá na véspera da segunda fase do IME, que começa no dia 24 de outubro.

 
Os estudantes, temendo o cansaço, preferiram se focar apenas no vestibular militar.

 
— Acredito que a maioria até faria a prova do Enem, mas por causa da data fica impossível — explica Rafael.

 
Tenente-Coronel Leão, chefe da divisão de ensino do IME, lamenta a coincidência, mas diz que o instituto elabora o seu calendário com quase um ano de antecedência e a responsabilidade da coincidência de datas é do Inep.

 
Nas duas instituições, os estudantes precisam optar pela ativa, para seguir na carreira militar, ou pela reserva. Só que enquanto no IME a escolha é já na hora da inscrição, no ITA ela é feita ao longo do curso.

 
Apesar da prova ser considerada mais “fácil”, a seleção no ITA costuma ser mais concorrida. E os principais adversários vem do nordeste.


— Os cearenses são bem fortes — revela Fernando Silva.

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