Turquia prepara navios de guerra para escoltar ajuda a Gaza, diz jornal

Segundo diário turco ''Sabah'', três fragatas seriam enviadas ao Mediterrâneo e teriam autorização para abordar embarcações israelenses em águas internacionais

Premiê Erdogan inicia giro por países árabes e aumenta o isolamento de Israel

O Estado de SP
 
O governo da Turquia iniciou os preparativos para o envio de três fragatas ao Mediterrâneo para escoltar o transporte de ajuda humanitária à Faixa de Gaza. A informação foi divulgada ontem pelo jornal turco Sabah. Segundo o diário, se os navios encontrarem embarcações israelenses em águas internacionais, eles teriam a orientação de abordá-las e desarmá-las.

 
Na semana passada, o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, já havia declarado que navios turcos escoltarão qualquer embarcação do país que leve ajuda humanitária para os palestinos na Faixa de Gaza. Segundo o premiê, Ancara também tomará providências para impedir que Israel explore unilateralmente os recursos naturais da bacia leste do Mediterrâneo.

 
Autoridades israelenses acreditam que a retórica turca, além de intimidar Israel, visa também ao Chipre, que já declarou que pretende perfurar poços de gás no Mediterrâneo. No início do mês, o chanceler da Turquia, Ahmet Davutoglu, disse que Ancara daria a "resposta necessária", caso o governo cipriota siga adiante com seus planos.

 
Com a clara missão de expandir a influência da Turquia no mundo árabe, Erdogan chegou ontem ao Egito - é a primeira visita de um líder turco ao Cairo em 15 anos. O giro inclui ainda passagens por Líbia e Tunísia, mas o premiê desistiu de entrar em Gaza. "Minha visita a Gaza não será realizada. Mas quero dizer que tenho muita vontade de visitar o território o quanto antes", disse.

 
A crise entre Israel e Turquia agravou-se após a morte de nove ativistas turcos durante ataque israelense ao navio Mavi Marmara, que levava ajuda humanitária a Gaza, em maio do ano passado.

 
Ancara exige um pedido oficial de desculpas e reparação às famílias das vítimas. Tel-Aviv rejeita.

 
Desde então, a Turquia cortou o comércio com Israel no setor de Defesa, interrompeu os contatos militares e rebaixou a relação bilateral ao nível hierárquico mais baixo na escala diplomática. Os dois países, porém, ainda mantêm uma intensa troca comercial, que movimentou US$ 3,5 bilhões em 2010.

 
Ontem, antes de deixar Istambul, Erdogan subiu ainda mais o tom das críticas. Ele reiterou que o ataque à flotilha teria sido motivo suficiente para uma "declaração de guerra da Turquia a Israel". "No entanto, em sintonia com a grandeza da Turquia, decidimos atuar com paciência."

 
Em pouco tempo, Israel viu crescer a tensão com seus dois principais aliados - Turquia e Egito - e ficou ainda mais isolado na região. Na sexta-feira, centenas de manifestantes egípcios invadiram a Embaixada de Israel no Cairo, destruíram documentos e arrancaram a bandeira israelense. O embaixador Yitzhak Levanon foi retirado às pressas do país.

 
A crise com o Egito começou após um ataque de militantes palestinos no sul de Israel que matou oito pessoas. Em resposta, militares israelenses perseguiram e atacaram os militantes, matando cinco soldados e policiais egípcios.

Erdogan, que viajou ao Egito acompanhado de uma comitiva de ministros, altos funcionários e empresários, se reunirá com líderes do governo provisório egípcio. Na agenda também está prevista uma reunião com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. Várias reuniões se realizam no Cairo para definir a estratégia palestina na ONU - ainda não se sabe se Abbas pedirá a adesão completa ou o status de país não membro da organização. Além de Erdogan, Abbas se reunirá com Catherine Ashton, chefe da diplomacia europeia, e chanceleres árabes. / AP
 

ERDOGAN EM TERRAS DA PRIMAVERA ÁRABE
 
Egito
 

Deve assinar acordos econômicos com os egípcios, que estão entre os principais parceiros comerciais da Turquia, e adotar discurso crítico a Israel. O premiê também se reunirá com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas
 
Tunísia
 

Turquia deve apoiar o novo governo pós-primavera árabe, que se prepara para realizar eleições, e reforçar laços econômicos
 
Líbia
 

Ancara deve apoiar o Conselho Nacional de Transição. Na era Kadafi, empresas turcas tinham investimentos de US$ 15 bilhões, principalmente no setor de construção civil, que deve ganhar fôlego com a saída do ditador

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