Rússia detém intervenção

Moscou rejeita resolução mais rígida no Conselho de Segurança contra o regime de Damasco por temer agravamento dos conflitos

Correio Braziliense 

Incapazes de chegar a um consenso sobre uma resolução mais dura contra o regime sírio, embaixadores dos países que integram o Conselho de Segurança das Nações Unidas continuavam ontem a discutir a redação de um texto que possa atender às demandas das potências ocidentais e, ao mesmo tempo, às da Rússia. Se os primeiros buscavam repreender o presidente Bashar Al-Assad e até mesmo pedir sua renúncia, o governo de Moscou reiterou que se recusa a assinar qualquer proposta que abra espaços para "uma mudança de regime forçada". Na Síria, o número de baixas contabilizadas por organismos de direitos humanos e por grupos de oposição não para de subir. Segundo comunicado dos Comitês Locais de Coordenação (LCCs), apenas ontem foram mais 68 mortos. A ONU estima que pelo mais 5 mil morreram desde o início dos protestos, em março.

Um documento apresentado ao Conselho de Segurança pelo Marrocos, que ocupa desde 1º de janeiro uma vaga não permanente, condena "as violações aos direitos humanos cometidos por autoridades sírias e toda a violência no país". O texto também apoia o plano apresentado pela Liga Árabe em 22 de janeiro, prevendo a transmissão de poder ao vice-presidente, ponto que tem causado maior divergência entre os membros do órgão da ONU. Na terça-feira, membros do conselho demonstraram preocupação de que o aspecto da transição política possa ser interpretado como uma chamada à mudança de regime na Síria.

A Rússia, principal opositora do projeto, garantiu ontem que, diante do impasse, a votação não ocorrerá nos próximos dias. O embaixador russo na ONU, Vitali Churkin, admitiu que seu país vetará qualquer resolução que considere "inaceitável". "Não autorizaremos nenhum texto que consideremos errôneo e conduza a um agravamento do conflito. Não permitiremos sua adoção. Dizemos isso claramente a nossos colegas", afirmou o embaixador a agências russas.

Enquanto segue a indefinição em Nova York, na Síria, os LCCs denunciam que entre as 68 vítimas de ontem estavam 14 membros do Exército Sírio Livre, formado por dissidentes, duas mulheres e duas crianças. Última cidade a ser tomada pelos protestos e pela repressão violenta, Damasco registrou pelo menos 35 mortes em conflitos nos subúrbios da capital.

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