Governo dos EUA reabrirá disputa por avião militar

Regras para licitação nos EUA saem em abril

Temor de empresa brasilera é que as novas exigências tornem o contrato sob medida para a Hawker Beechcraft

Investigação sobre motivos que levaram ao cancelamento do contrato com Embraer ainda não foi concluída 


VERENA FORNETTI
DE NOVA YORK
MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO - FOLHA DE SP

Depois de cancelar contrato de US$ 355 milhões (cerca de R$ 650 milhões) com a Embraer, a Força Aérea dos Estados Unidos prepara nova seleção para a compra de 20 aviões turboélices destinados à missão no Afeganistão.

Só as americanas Sierra Nevada, parceira da fabricante brasileira no projeto do Super Tucano, e a concorrente Hawker Beechcraft poderão disputar a compra.

"Depois de estudar as circunstâncias do cancelamento, a Força Aérea decidiu fazer uma emenda ao contrato", disse o órgão à Folha.

Segundo porta-voz da força americana, as novas exigências deverão ser anunciadas em abril. As duas companhias terão então de refazer suas propostas.

A Embraer informou que aguarda a divulgação dos requisitos para se posicionar sobre a sua participação.

O contrato original foi vencido em dezembro pela Embraer e cancelado em fevereiro em resposta à ação impetrada pela Hawker Beechcraft na corte federal dos EUA.

Desclassificada da disputa em novembro, a Hawker argumenta, na ação, que a Força Aérea não apresentou os motivos de sua eliminação.

Além da ação judicial, a Hawker apelou para o nacionalismo e para a necessidade de preservação de empregos em um momento de crise para pressionar por uma nova concorrência.

RECUPERAÇÃO JUDICIAL

A decisão ocorre em um momento delicado para a fabricante americana, que tenta renegociar suas dívidas, que passam de US$ 2 bilhões.

A empresa estaria se preparando para entrar com pedido de recuperação judicial, segundo reportagem da agência Reuters publicada na quarta-feira e que cita fontes não identificadas.

Mesmo que consiga garantir esse fornecimento para a Força Aérea dos EUA, por seu porte, ele dificilmente resolveria o problema de endividamento da companhia, que ainda enfrenta as consequências da queda da demanda por jatos executivos desde o início da crise de 2008.

Na quinta-feira, a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota da empresa, de CCC para CC. Na eventualidade de um novo rebaixamento, a empresa entra no grau de risco de "calote seletivo".

Em São José dos Campos, sede da Embraer, o temor é que os novos requisitos tornem a disputa favorável ao fabricante americano.

Não será a primeira vez que a Força Aérea americana terá cancelada uma disputa vencida por um estrangeiro, entregando o contrato a um fabricante americano. No começo do ano passado, a europeia Airbus venceu a disputa para fornecer aviões-tanque para a Força Aérea, mas quem levou foi a Boeing.

INVESTIGAÇÃO

O porta-voz da Força Aérea disse que a investigação interna sobre os problemas que levaram ao cancelamento do contrato com a Embraer ainda está em curso. "Vamos fornecer mais informação assim que ela estiver disponível."

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