EUA dizem ter provas de que ataque químico matou 1.429 na Síria

O secretário de Estado americano, John Kerry, disse ter provas de que forças do governo da Síria mataram 1.429 pessoas em um ataque com armas químicas na região da capital do país, Damasco, na semana passada.

BBC Brasil

Em um discurso nesta sexta-feira, Kerry afirmou que entre os mortos estavam 426 crianças e disse que o ataque foi um "horror inconcebível".

Minutos após o pronunciamento, a Casa Branca publicou um documento sobre o uso de armas químicos do governo sírio.

Mas algumas informações, segundo o secretário de Estado, só serão divulgadas a Congressistas americanos, "para proteger fontes e métodos".

O governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, negou ter realizado o ataque e culpou as forças rebeldes, que querem que ele deixe o poder.

Mas, durante seu pronunciamento, Kerry afirmou que o governo de Assad já usou armas químicas em diversas ocasiões neste ano e se referiu ao presidente sírio como "um bandido" e "um assassino".

Os Estados Unidos têm defendido uma ofensiva internacional na Síria para impedir que o governo de Damasco use armas químicas.

No entanto, é improvável que o Conselho de Segurança da ONU aprove uma moção prevendo a intervenção militar, já que a Rússia - aliada do governo sírio - já vetou duas resoluções anteriores.


'Fatos'

A ONG Médicos sem Fronteiras dissera anteriormente que o suposto ataque com armas químicas no leste de Damasco, que aconteceu no dia 21 de agosto, matou 355 pessoas.

Mas o secretário disse que os Estados Unidos estão a par de fatos que comprovariam o número maior de mortes.

Ele afirmou que as forças do regime de Assad se prepararam para o ataque três dias antes do ocorrido.

"Sabemos que mísseis saíram somente de áreas controladas pelo regime e caíram somente em áreas controladas pela oposição", disse.

"A inteligência americana tem grande confiança em todas as coisas que sabemos."

Kerry disse ainda que o governo continuará consultando o Congresso e o povo americano a respeito do próximo passo a tomar.

"Os Estados Unidos tomam suas próprias decisões, em nosso próprio tempo, baseados em nossos valores e interesses", afirmou o secretário.

Ele garantiu ainda que os Estados Unidos não repetirão na Síria a experiência da intervenção no Iraque.

Como justificativa para o início da campanha militar contra o Iraque, em 2003, o governo americano afirmou que o país guardava armas químicas. A operação levou a uma guerra que durou dez anos.

O suposto arsenal de armas químicas do governo iraquiano, no entanto, nunca foi encontrado.

No caso de uma ação militar na Síria, segundo ele, os Estados Unidos não assumiriam "responsabilidade sobre a guerra civil que já está acontecendo na Síria", disse Kerry.

"Depois de dez anos, sabemos que o povo americano está cansado de guerras. Acreditem, eu também estou. Mas só desejar a paz não fará com que ela aconteça."


Posicionamento

Também nesta sexta-feira, um porta-voz do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que os inspetores de armas da ONU terminaram de recolher amostras do ataque em Damasco.

O porta-voz Martin Nesirky disse que ainda não se sabe quanto tempo levará para analisar as amostras, mas que os testes devem ser finalizados antes que se chegue a quaisquer conclusões.

Ele falou depois que o secretário-geral se encontrou com representantes dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança.

Em seu discurso nesta sexta-feira, entretanto, o secretário de Estado americano afirmou que a investigação da ONU não trará mais conclusões a respeito da autoria do ataque.

"A ONU não pode nos dizer quem usou as armas, isso não é uma exigência da investigação da ONU. Ela só poderá nos dizer se tais armas foram usadas."

"A ONU não pode nos dizer nada que nós não sabemos ou que não tenhamos compartilhado com vocês", disse Kerry.

Pouco depois do pronunciamento de Kerry, o presidente Barack Obama disse que o ataque na Síria ameaça a segurança nacional americana.

Ele afirmou que ainda não tomou uma decisão sobre a ação a ser tomada, mas garantiu que ela será específica para impedir o uso de armas químicas.

"Não estamos consideando de forma alguma uma ação militar que envolva soldados no local, nem que signifique uma campanha longa."

"Mas estamos analisando a possibilidade de uma ação limitada que ajudaria a garantir que não só a Síria, mas outros no resto do mundo entendam que a comunidade internacional quer manter a proibição do uso de armas químicas", afirmou.


Preparativos

Em Washington, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se encontrou com o Conselho de Segurança Nacional.

Forças americanas continuam a se posicionar na região no Oriente Médio, se preparando para um possível ataque.

Na quinta-feira, o parlamento britânico rejeitou a proposta do governo de uma ação militar na Síria. O premiê David Cameron afirmou que "agiria de acordo" com a decisão.

A Alemanha também descartou a participação em um ataque ao país.

No entanto, o presidente da França, François Hollande, afirmou que a votação na Grã-Bretanha não mudará sua decisão de apoiar uma "ação dura" contra Assad.



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