Opositor aceita negociação no Sudão do Sul

Governo prepara ofensiva contra rebeldes; ONU pede mais 5.500 capacetes azuis


O Globo

JUBA - Sob rumores de conflitos armados nas regiões petrolíferas do Sudão do Sul, o ex-vice-presidente Riek Machar se disse pronto para negociar com o presidente Salva Kiir uma saída política para os confrontos que há uma semana ameaçam arrastar o país à guerra civil. Machar pediu que o governo liberte seus aliados para que as conversas possam ter início. Mas, enquanto isso, o Exército preparava uma grande ofensiva militar para retomar o controle da cidade de Bor, capital do estado de Jonglei, a 200 quilômetros da capital, hoje nas mãos de dissidentes ligados ao ex-vice-presidente.

— Minha mensagem é para que Salva Kiir liberte meus camaradas e que os deixe ser removidos para Addis Abeba para que o diálogo possa iniciar imediatamente. Essas são as pessoas que promoveriam o diálogo — afirmou Machar.

O Sudão do Sul é cenário de intensos combates desde que Salva Kiir acusou seu ex-vicepresidente, a quem destituiu em julho, de tentativa de golpe de Estado há uma sem ana. Machar desmente categoricamente e acusa Kiir de querer eliminar seus rivais, numa disputa que tem um agravante: o presidente é da tribo Dinka, majoritária, e o ex-vice, da tribo Nuer — o que dá um perigoso elemento étnico à crise. Centenas de pessoas já morreram e milhares estão deslocadas pelos confrontos.

Machar disse que seus homens controlavam campos de petróleo nos estados de Unidade e Alto Nilo — estratégico por concentrar a produção de petróleo nacional, que representa 95% da economia. O governo sul-sudanês negou.

— Isso é o que eles gostariam. E nós não vamos libertar de maneira alguma aqueles acusados de um golpe de Estado — alertou o ministro da Informação, Michael Makuei.

Apesar da firmeza, o presidente disse ao Parlamento que também estava disposto a negociar com Machar “sem condições prévias”. Ele voltou a acusar o rival de mobilizar contra ele milicianos da etnia nuer.

A tensão crescente fez o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pedir ao Conselho de Segurança o envio de mais 5.500 capacetes azuis ao país para proteger os civis.


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