O diretor-geral da Rosoboroneksport enumera o que a Rússia pode oferecer aos seus parceiros comerciais estrangeiros

O diretor-geral da Rosoboroneksport (empresa pública que intermedia a importação e exportação de produtos, tecnologias e serviços militares russos), Anatóli Issáikin, enumera o que a Rússia pode oferecer aos seus parceiros comerciais estrangeiros e explica por que a receita proveniente da exportação de armamentos não irá crescer mais.


Ivan Safronov | Kommersant | Gazeta Russa

Em 2013, a Rosoboronexport estabeleceu um recorde ao fornecer aos clientes de armamento e equipamento militar produtos cujo valor totalizou US$ 13,2 bilhões. Em entrevista à Gazeta Russa, o diretor-geral da empresa, Anatoli Isaikin, falou dos êxitos obtidos no ano passado e dos planos de exportação para o futuro.

A Rosoboronexport contabilizou os resultados preliminares de 2013. Qual foi o valor dos contratos cumpridos?

Anatoli Issáikin: De acordo com os dados disponíveis em 31 de dezembro, nós fornecemos armamento e equipamento militar no valor de US$ 13,2 bilhões. Esse resultado ultrapassou ligeiramente o valor que constava do planejamento (US$ 13 bilhões), o que não poderia deixar de nos alegrar. De modo geral, no período que vai de 2001 até 2013, o volume das exportações anuais em nosso segmento quadruplicou. Somente em 2013, recebemos e analisamos 1.902 pedidos de clientes estrangeiros. Como resultado, 1.202 contratos foram assinados.

A geografia dos fornecimentos de armas sofreu alterações no ano passado?

A.I.: Não mudou tanto assim: entre os principais países importadores de armamento e equipamento militar russo continuam figurando a Índia, a China e o Vietnã. Há também a Indonésia, a Argélia, a Venezuela e parte da Malásia. De acordo com estimativas preliminares, a parcela resultante da soma das cotas dos primeiros cinco ou seis países que constam da lista de parceiros da Rosoboroneksport constituiu, em 2013, mais de 75% do total das exportações de produtos militares russos. Ao todo, foram fornecidos armamentos para 60 países.

O senhor citou o valor de US$ 13,2 bilhões. Esse seria um indicador limite para o exportador especial (aquele que trabalha com produtos de exportação considerados estratégicos)?

A.I.: Praticamente sim. Nós focamos, em primeiro lugar, nas metas previstas no programa do governo para o armamento do exército russo até 2020 e isso representa tanto o fornecimento de novos modelos de equipamentos e armas para as Forças Armadas, quanto à modernização do que atualmente consta em seu arsenal. Partindo disso, podemos fazer uma estimativa do grau de sucesso da promoção dos produtos russos. Durante dois ou três anos, o nosso principal objetivo será a manutenção das exportações de armamentos no patamar de US$ 13 bilhões. Não acredito que seremos capazes de ultrapassá-lo, pois os novos tipos de equipamentos nos quais nossos potenciais compradores estão interessados devem ser fornecidos em primeiro lugar ao exército russo, e somente depois disso é que poderemos disponibilizá-los para as exportações.

Em quanto poderá aumentar a receita da Rosoboroneksport depois que for dado o sinal verde para a exportação dos novos modelos?

A.I.: Eu não acho que a receita poderá exceder o total de US$ 15 bilhões. Partimos da estimativa de nossas próprias forças e possibilidades, bem como da capacidade da indústria militar. Mas, também não devemos nos esquecer de outras circunstâncias externas. Por exemplo: as situações de crise, que nos últimos sete ou oito anos abalaram não só a Europa, mas também os EUA. Ou, também, o ambiente instável em diversas regiões. Estamos vendo o que está acontecendo agora na região do Oriente Médio: a guerra na Síria, o embargo do fornecimento de armas ao Irã, a revolução na Líbia e no Egito... Esses são precisamente os países nos quais tínhamos apostado seriamente.

A estrutura da carteira de pedidos mudou?

A.I.: De acordo com os resultados de 2013, o equipamento da Força Aérea constitui 38,3% de todos os contratos firmados, contra 32,3% no ano anterior. Atualmente, o equipamento da Marinha ocupa 17% da carteira, o terrestre 14,2% e o da Defesa antiaérea 26,2%.

Em que tipo de armas o senhor deposita as maiores esperanças? O que a Rússia pode oferecer de melhor nesse mercado?

A.I.: Eu diria que a Rússia está pronta para oferecer tudo, desde armas de pequeno porte até sistemas de defesa antiaérea. Nós associamos determinadas perspectivas de promoção nos mercados mundiais com os helicópteros Mi e Ka e com os complexos e sistemas de mísseis antiaéreos S-400 Triumpf, Antey-2500, Buk-M2E, Tor-M2E, Pantsir-S1 e Igla-S. Na área naval, há as fragatas do projeto 11356 e Gepard-3.9, os submarinos do projeto 636 e Amur-1650 e as lanchas de patrulha Svetliak (Vagalume) e Molnia (Relâmpago). Nosso setor terrestre está representado pelos tanques modernizados T-90S, pelos veículos de combate de infantaria BMP-3, pelos veículos construídos com base nesses modelos e pelos veículos blindados Tigr. No ano passado, os aviões Su-30 e MiG-29 fizeram sucesso, e atualmente as aeronaves de treinamento e combate Iak-130 estão tendo boa procura. Os aviões Su-35 também despertam grande interesse, essa é uma das direções com boa perspectiva no campo da aviação.

Que comentário o senhor poderia fazer a respeito da situação criada pelo fato dos EUA terem renunciado aos planos de compra de lotes adicionais de helicópteros Mi-17V5 para os militares do Afeganistão?

A.I.: A proibição refere-se apenas a compra de helicópteros no futuro. Temos um contrato firmado para 30 helicópteros e ele está sendo cumprido. Nós estávamos analisando uma variante com algumas opções. Existiram perspectivas de uma transação adicional? Sim, existiram. Mas nem mesmo as negociações sobre um futuro fornecimento desses helicópteros tiveram tempo de começar. Eu diria que o Congresso dos EUA é essencialmente composto por lobistas que representam os interesses do complexo militar-industrial local, e que com seu trabalho meticuloso conseguiram alcançar aquilo que pretendiam. É exatamente assim que nós avaliamos essa proibição.



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