Tropas russas invadem base aérea ucraniana na Crimeia

Instalação militar é uma das poucas na Crimeia ainda controladas pela Ucrânia, após a anexação da península pela Rússia. Em Kiev, ministro do Exterior alemão discute ajuda técnica às forças armadas ucranianas.


Deutsch Welle

Disparando tiros e destruindo paredes de concreto com veículos blindados, tropas russas invadiram neste sábado (22/03) uma base aérea ucraniana em Belbek, na Crimeia, exigindo que todos os soldados se rendessem. A instalação militar, próxima da cidade portuária de Sebastopol, é uma das poucas na Crimeia que ainda é controlada pela Ucrânia após a anexação da península pela Rússia.

"As tropas russas em nosso aeroporto nos deram uma hora para nos rendermos ou vão começar a atacar. Não vamos a lugar algum, vamos ver do que se trata esse ataque", afirmou Oleg Podovalov, vice-comandante da base de Belbek.

De acordo com a agência AFP, logo depois a situação se acalmou. Os soldados baixaram as armas e podiam ser vistos andando dentro da base. Um porta-voz do Ministério ucraniano da Defesa, Vladislav Seleznyov, postou no Facebook que milícias pró-Rússia estavam dentro da base, cercada por forças especiais russas. Há informações de que um jornalista foi ferido.

Em outra ação, cerca de 200 homens desarmados atacaram uma base da Força Aérea da Ucrânia na cidade de Novofedorivka, localizada na parte ocidental da península da Crimeia. Segundo um jornalista, os invasores forçaram a entrada na base e começaram a quebrar os vidros das janelas.

A anexação da Crimeia está ocorrendo em grande parte sem derramamento de sangue. Apenas um soldado ucraniano foi morto e outros dois ficaram feridos num tiroteio na cidade de Simferopol, no início desta semana.

O Ministério da Defesa da Ucrânia afirmou na sexta-feira que as bases da Crimeia ainda estavam formalmente sob o controle do país, mas a maioria está agora ocupada pelas tropas russas e tem a bandeira russa hasteada.

Alemanha deve ajudar Forças Armadas ucranianas

O ministro do Exterior alemão, Frank-Walter Steinmeier, visitou neste sábado em Kiev o primeiro-ministro interino da Ucrânia, Arseniy Yatsenyuk. Os dois discutiram uma eventual ajuda técnica da Alemanha às Forças Armadas da Ucrânia. Após o encontro, o chefe da diplomacia alemã classificou o referendo na Crimeia como uma forma de dividir a Europa e uma violação do direito internacional.

A Rússia lamentou a ampliação das sanções impostas pela União Europeia na quinta-feira, em resposta à anexação da Crimeia, acrescentando que Moscou está no direito de responder de forma recíproca a Bruxelas. A lista de pessoas que não podem entrar na UE e têm suas contas bloqueadas foi ampliada de 21 para 33 nomes. Além disso, foi cancelada a próxima reunião de cúpula UE-Rússia.

"É uma pena que o Conselho Europeu tenha tomado uma decisão afastada da realidade. Acreditamos que é tempo de voltar ao terreno pragmático da cooperação, que responde aos interesses dos nossos países", comentou o porta-voz do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros.

Enquanto a UE amplia sanções à Rússia, a partir de segunda-feira o presidente dos EUA, Barack Obama, faz um giro pela Holanda, Bélgica, Itália e Arábia Saudita, com o objetivo de aumentar a pressão internacional para resolução da crise na Ucrânia, e fortalecer parcerias com os países visitados.

Outras ações contra a Rússia deverão ser definidas na reunião dos líderes do G7 – Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido –, convocada por Washington para esta segunda-feira na cidade holandesa de Haia.



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