Exército receberá veículos de guerra modulares até 2020

Tropa russa será a primeira do mundo a utilizar plataformas de combate unificadas para as forças terrestres.


Dmítri Litóvkin, especial para Gazeta Russa

O uso de plataformas comuns deverá simplificar e reduzir os custos de produção e manutenção de equipamentos, bem como facilitar o desenvolvimento de instrumentos para diferentes fins com base em um design modular. Os primeiros protótipos que incorporam a nova tecnologia deverão estar disponíveis nos próximos 2 a 3 anos.

O especialista na área de blindados, Viktor Murakhovski, afirma que a uniformidade do equipamento simplifica sua operação e exploração durante o combate. “Um único chassi pode tomar diferentes formas de acordo com os módulos e outros equipamentos de combate incorporados sem grande reformulação da própria máquina – como a estrutura do Lego”, diz Murakhovski, acrescentando que há 3 projetos em andamento nessa área.

O primeiro deles, chamado “Armata”, está relacionado a veículos pesados de até 60 toneladas baseados em um único chassi: um novo tanque de guerra, um veículo de combate de infantaria e outros veículos de engenharia para o Exército russo. Atualmente, este projeto é tão secreto quanto foi o do caça de quinta geração T-50 no início.


Armata
A única informação conhecida sobre o novo tanque é que sua torreta não será tripulada. A tripulação ficará em um habitáculo especialmente blindado contra uma nova geração de projéteis inimigos. Os testes do novo tanque devem começar no próximo ano e sua produção em série acontecerá entre 2015 a 2020.

De acordo com o vice-primeiro-ministro russo, Dmítri Rogózin, planeja-se incluir o novo tanque no desfile da Praça Vermelha, em Moscou. O Ministério da Defesa pretende adquirir, pelo menos, 2.300 desses equipamentos.

O segundo projeto é relacionado a uma linha de veículos blindados de rodas (Boomerang) e de esteira (Kurganets), com peso de até 25 toneladas. O motor desses veículos fica localizado na parte frontal e o compartimento de transporte de tropas, na parte traseira – oferecendo maior proteção em caso de ataque com munições de carga oca, bem como facilitando a entrada e saída da tropa através de uma rampa articulada.


Boomerang
Por último, há o projeto Typhoon de carros blindados leves. De aparência futurista, o projeto prevê uma família de plataformas automotivas multifuncionais. O “mais simples” é um carro de combate multieixo de transporte de tropas, capaz de transpor lâminas de águas de 2 metros de profundidade e atingir até 100 km/h em terreno acidentado.

Kamaz Typhoon
O design do veículo tem como objetivo evitar que os soldados em seu interior não sofram com a explosão minas terrestres. Por isso, é equipado com chapas laterais de proteção e assentos especiais contra minas. Esse assentos são de base ergonômica, que seguem plenamente os contornos do corpo humano, e os cintos de segurança, de cinco pontos, são como os de carros de corrida. Os assentos ainda possuem arcos de segurança ligados ao teto do veículo, proporcionando uma impressionante defesa contra minas terrestres.

Além disso, o Typhoon é totalmente digitalizado. Dentro dele há telas de LCD que exibem informações técnicas sobre o funcionamento do veículo e transmitem imagens de câmeras espalhadas ao seu redor. Mesmo em uma situação de completa perda de visibilidade, o motorista ainda é capaz de dirigir o Typhoon.

Aposta na uniformidade

Uma exigência para as máquinas de guerra modernas é a modularidade. A Kamaz desenvolveu o “Mustang” – uma família inteira de 10 tipos de caminhões compostos por 2 a 4 eixos. Neste chassi, a empresa elaborou o veículo blindado “Vystrel” e uma variante aerotransportável que irá substituir o lendário e ainda indispensável Gaz-66.


Kamaz Vystrel
Cada família de veículos possui completa permutabilidade de peças e mecanismos com objetivo de facilitar a manutenção em campo. A empresa oferece ainda o conceito de plataforma de sistemas de armas baseadas em seus chassis. Por exemplo, o caminhão de quatro eixos Kamaz recebeu o sistema de defesa antiaérea “Pantsir”, pesando 24 toneladas e equipado com mísseis e canhões.

O Ministério da Defesa espera que o surgimento dessas novas plataformas de combate unificadas irão reduzir drasticamente o custo de manuntenção da frota e aumentar a sua eficiência, uma vez que o mesmo chassi poderá ser alocado em unidades complementares da divisão do Exército.

Há também grandes perspectivas de exportação, já que o design modular permite que cada cliente customize seu equipamento de combate. Por exemplo, o sistema de defesa antiaérea Pantsir pode ser instalado sobre uma viatura de rodas da Kamaz ou plataforma estática.


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