Ucrânia: o gosto pela violência ou como refrear os nacionalistas

As declarações sobre o fim da operação militar no Sudeste da Ucrânia não passam de declarações. Agora as tropas estão já deliberadamente bombardeando áreas residenciais de cidades, atacando templos, e também abriram uma verdadeira caçada a jornalistas russos. O que quer o governo de Kiev realmente alcançar?


Igor Siletsky | Voz da Rússia

Cerca de 19 mil habitantes das regiões de Lugansk e Donetsk da Ucrânia encontraram refúgio na Rússia. As pessoas estão fugindo de suas cidades natais, que hoje estão sendo bombardeadas pela aviação ucraniana, artilharia pesada e lançadores múltiplos de foguetes. As declarações das autoridades de Kiev de que o exército está “protegendo os civis dos terroristas” hoje parecem especialmente cínicas: os militantes da Guarda Nacional não poupam ninguém, nem mulheres, nem crianças, nem sacerdotes.

É evidente que o chamado plano de paz de Poroshenko não passa de um truque diplomático. O recém-eleito presidente demonstrou sua verdadeira natureza ainda antes de sua investidura, quando pretendeu “limpar” completamente o Sudeste com a ajuda de conselheiros norte-americanos. Na altura não conseguiu. Agora Poroshenko de novo se arma em pacificador e faz uma pausa, dando tempo para o exército e os “batalhões” mistos lidarem com os adeptos da federalização.

Os combatentes da Guarda Nacional, por sua vez, entenderam que lhes desamarraram as mãos e passaram ao banditismo aberto. Basta lembrar a detenção dos jornalistas russos dos canais de TV Life News e Zvezda, o assassinato de seus colegas do canal Rossiya. Mas como pretende Kiev, após concluir a operação punitiva, lidar com essas unidades nacionalistas? Provavelmente, o futuro governo ucraniano terá que compartilhar com elas o poder, acredita o copresidente da frente antifascista internacional Vadim Kolesnichenko:

“O objetivo de todo esse projeto na Ucrânia é muito simples: não apenas a "desrussificação", mas a erradicação de toda a dissidência. E isso é, essencialmente, um genocídio. Portanto, estes combatentes, os chamados radicais, estarão em demanda. Eles estarão sob a proteção do governo, e irão torturar, sequestrar, destruir, matar, e mais importante – intimidar e forçar na nova Ucrânia “democrática” a andar do mesmo lado da rua, cantar as mesmas canções e adorar o mesmo deus norte-americano”.

Mas nem todos os especialistas prometem aos atuais combatentes nacionalistas um futuro tão radiante. A perspectiva de adaptar essas pessoas à vida civil é pouco provável. Mais provavelmente Kiev está esperando que os radicais cumpram sua tarefa para depois simplesmente destruí-los.

Nas fileiras destes batalhões estão ou nacionalistas fanáticos ou mercenários. Kiev não conseguirá lidar com eles com suas próprias forças. E é isso que, em princípio, quer Washington, que controla os dirigentes ucranianos atuais: manter enquanto possível a tensão na fronteira com a Rússia, nota o analista político ucraniano Rostislav Ischenko:

“Se a Ucrânia for deixada a si mesma, a versão mais provável é a de uma enorme Somália, no centro da Europa. Se houver uma intervenção internacional, os militantes nacionalistas serão desarmados por forças internacionais e militares. Eu não vejo outras opções. Ou seja, quando se tornar absolutamente evidente a inadequação e a incompetência das autoridades de Kiev, será alcançado um acordo de compromisso sobre uma intervenção internacional a fim de acabar com a guerra civil”.

E realmente a Ucrânia hoje está dividida em dois campos. Um confia apenas em Bruxelas e o outro só em Moscou. E os esforços conjuntos da Rússia e da Europa provavelmente ajudarão a resolver a crise ucraniana. As capitais europeias, aparentemente, não têm nada contra um tal final, pois elas estão começando a perceber a futilidade do confronto com Moscou, que lhes está sendo imposto a partir de Washington.



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