Gaza: Conselho de Segurança da ONU foi impotente

A reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, convocada para a noite de segunda-feira para discutir a situação na Faixa de Gaza, terminou praticamente sem resultados. As partes apenas conseguiram acordar o comunicado à imprensa que focou exclusivamente os aspectos humanitários do conflito na Faixa de Gaza.


Andrei Ontikov | Voz da Rússia

“Os membros do Conselho de Segurança expressaram a sua grande preocupação pelo aumento do número de vítimas da violência”, declarou no final da reunião o atual presidente do Conselho de Segurança e representante permanente de Ruanda na ONU Eugène-Richard Gasana. Entretanto, na sua intervenção ele não se referiu uma única vez nem à Palestina, nem a Israel.

Seguidamente falou o representante permanente da Autoridade Palestina nas Nações Unidas Riyad Mansour, o qual não escondeu seu desapontamento pelos resultados da sessão extraordinária do Conselho, que o próprio tinha solicitado. “Nós esperávamos que o Conselho de Segurança aprovasse uma resolução que condenasse a agressão contra o nosso povo e que exigisse o fim imediato dessa agressão”, disse o diplomata.

Os peritos não duvidam das razões que impediram a aprovação de uma resolução. Eis o que diz o defensor dos direitos humanos israelense Israel Shamir:

“Israel é protegido no Conselho de Segurança pelos Estados Unidos. Eles apoiam completamente Tel Aviv e por isso quaisquer tentativas de pressionar os israelenses a tão alto nível acabam essencialmente em nada. É difícil acreditar que no futuro seja possível acordar o texto de uma resolução que condene Israel. Pelo menos Obama já disse que apoiava totalmente o chamado direito de Tel Aviv à autodefesa. Se bem que seja difícil de perceber a latitude desse direito se considerarmos que já morreram mais de quinhentos palestinos.”

Assim, a atual deslocação do secretário de Estado dos EUA John Kerry ao Cairo, para discutir os planos para um cessar-fogo, na prática apenas simula um interesse norte-americano em regular o conflito. Se Washington realmente o desejasse, do Conselho de Segurança teríamos tido notícias completamente diferentes.

Tel Aviv compreende isso perfeitamente e ontem se soube do alargamento da operação terrestre na Faixa de Gaza.

Eis o que diz nesse contexto Israel Shamir:

“É evidente que desde o início os israelenses queriam fazer fracassar o governo palestino de coalizão ou, pelo menos, desacreditá-lo. Mas a situação se acentuou de tal forma que agora em Israel já se ouvem apelos para que se restabeleça o controle sobre a Faixa de Gaza. Não podemos excluir esse tipo de desenvolvimento dos acontecimentos.”

Na atual situação devemos reconhecer o esforço do Cairo, o qual continua a tentar transferir o conflito de Gaza para o plano político. Foi comunicado que, por iniciativa do Egito, a situação no enclave palestino será discutida na quarta-feira numa reunião de emergência do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Contudo, não devemos esperar grandes avanços. Nas atuais condições, em que o trabalho do Conselho de Segurança está bloqueado pelos Estados Unidos, só podemos aguardar que Israel fique saciado de guerra.



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