Palestinos deixam suas casas em Gaza após alerta de Israel

País ameaça lançar ofensiva terrestre sobre a Faixa de Gaza.
Os bombardeios já deixaram 212 mortos e mais de 1.500 feridos.


Do G1, em São Paulo

Palestinos começaram a deixar suas casas nesta quarta-feira (16) após o exército israelense recomendar a 100 mil habitantes do norte da Faixa de Gaza, que abandonassem suas residências. A região é cenário de uma ofensiva israelense que deixou mais de 200 mortos e dura mais de uma semana.

O alerta ocorre em um momento em que Israel ameaça lançar uma ofensiva terrestre após um breve cessar-fogo unilateral sob uma trégua patrocinada pelo Egito, que fracassou em deter os disparos de foguetes do lado palestino.

Autorizadas pelo gabinete de segurança do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a aumentar a ofensiva que já dura oito dias, as forças militares de Israel disseram ter enviado alertas de esvaziamento para o noroeste de Gaza.

“Não cumprir (os alertas) colocará suas vidas em risco e as vidas de sua família”, disseram mensagens telefônica gravadas recebidas por residentes dos distritos de Shejaia e Zeitoun, que se espalham pela fronteira com Israel e têm mais de 100 mil habitantes.

Além das ligações, eles receberam mensagens SMS e panfletos, segundo um comunicado do exército.

"Apesar do cessar-fogo, o Hamas e outras organizações terroristas continuaram lançando foguetes, muitos deles procedentes destas três zonas", afirmam as mensagens do exército.

Nesta quarta, 16 palestinos morreram em uma série de ataques israelenses no sul da Faixa de Gaza, incluindo quatro crianças.

Vários bombardeios destruíram uma tenda em uma praia onde estava um grupo de crianças, a 200 metros de um hotel da cidade de Gaza, onde os jornalistas da AFP se encontram hospedados.

Além disso, quatro membros de uma mesma família, entre eles um menino de 10 anos e uma senhora de 65, estão entre as vítimas.

O exército realizou 40 ataques aéreos durante a noite, principalmente contra as residências de quatro líderes do movimento palestino Hamas.

Os bombardeios já deixaram 212 mortos e mais de 1.500 feridos, em sua maioria civis.

Avanço

Especialistas de Israel preveem avanços terrestres para destruir instalações de comando e túneis que permitiram aos palestinos, cujo poder de fogo é bem menor do que o de Israel, a resistir às ofensivas navais e aéreas sobre Gaza e continuar lançando foguetes.

Israel disse que 26 foguetes foram disparados de Gaza contra seu território, incluindo o centro comercial Tel Aviv. Alguns desses foguetes foram interceptados pelo sistema antimíssil do país. Outros caíram no solo sem causar vítimas, de acordo com serviços de emergência.

Potências mundiais pediram calma, preocupadas com o potencial aumento de vítimas caso Israel decida enviar dezenas de milhares de soldados para dentro de Gaza. É uma das áreas mais densamente povoadas do mundo, com a pobreza exacerbada pelo colapso dos serviços públicos e pelo deslocamento de pelo menos 18 mil palestinos, os quais, segundo a ONU, se abrigaram em escolas municipais da cidade de Gaza.

Na terça-feira, Israel unilateralmente aceitou uma proposta egípcia de cessar-fogo. Mas o grupo palestino islâmico Hamas, no entanto, disse que não fora consultado pelo Egito e continuou com seus disparos de foguetes enquanto Israel segurou sua artilharia por seis horas.

Após o fogo palestino ter resultado na primeira fatalidade israelense no conflito - uma pessoa que levava comida para soldados perto de Gaza - Netanyahu prometeu “expandir e intensificar” os avanços militares para parar os persistentes ataques com foguetes que forçam os dezenas de milhares de israelenses a diariamente procurar abrigo.

Nesta quarta, o Hamas disse ter comunicado oficialmente ao Egito que rejeita a proposta.

"O resultado das discussões dentro das instituições internas do movimento foi o de negar a proposta e então o Hamas informou ao Egito na noite de ontem que pede desculpas por não aceitar a proposta", disse o porta-voz do movimento Sami Abu Zuhri.

As atuais hostilidades foram desencadeadas após o sequestro e assassinato, no mês passado, de três alunos seminaristas judeus na Cisjordânia ocupada, e também pelo assassinato de um adolescente palestino, como vingança.


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