Política dos EUA no mar Negro visa conter a Rússia

Na parte ocidental do mar Negro, ao largo da costa da Bulgária, estão sendo realizados os exercícios Breeze 2014 das Forças Navais da OTAN. Eles contam com a participação de navios de combate e de apoio da Bulgária, Turquia, Grécia, Itália, Reino Unido e outros países. Particular atenção da imprensa foi atraída pela participação de um cruzador de mísseis da Marinha dos EUA, o Vella Gulf.

USS Vella Gulf CG-72

Artur Gadzhiev | Voz da Rússia



Muitos analistas se perguntam se os EUA estarão tentando usar esses exercícios como um “fator de pressão” sobre a Rússia em conexão com a situação na Ucrânia. Andrei Boldyrev, do Centro Para o Estudo de Países do Oriente Próximo e Médio do Instituto de Estudos Orientais acredita que há poucas razões para tais previsões:

“Em sua forma, os exercícios navais Breeze 2014, que estão decorrendo atualmente nas águas do mar Negro são exercícios regulares da OTAN. Isto é evidenciado pelo fato de que neles está participando a Turquia, que não quer de forma nenhuma estragar suas relações com a Rússia por causa da crise ucraniana. Ela dificilmente concordaria em participar nos exercícios se eles fossem abertamente antirrussos. Agora, que os Estados Unidos estejam tentando usar estes exercícios regulares da OTAN como uma forma de manifestação político-militar contra a Rússia – isso já é uma questão de propaganda.

O antigo presidente do Conselho de Veteranos da Turquia, especialista militar da Universidade de Bilkent, em Ancara, Koray Gurbuz comentou os eventos nas águas do mar Negro de forma diferente:

“Os norte-americanos iniciaram nas águas do mar Negro exercícios internacionais de grande escala a 130 milhas da Crimeia russa. Este comportamento dos Estados Unidos ameaça não apenas os interesses de vários países do mar Negro, mas também a segurança de toda a região”.

Hoje, o mar Negro e seus estreitos são uma das rotas internacionais mais seguras de trânsito de energia. Mas os Estados Unidos estão tentando minar a segurança da rota por vários meios. Eles, de vez em quando, continuam tentando quebrar o funcionamento dos estreitos. Ainda em 2003 foi apresentado à consideração do parlamento turco um projeto de lei para permitir o uso do território turco para a ocupação do Iraque. A permissão abrangia não só as bases militares norte-americanas na Turquia, mas também os portos turcos do mar Negro, lembra o perito:

“Mas o nosso parlamento rejeitou o projeto de lei. Depois disso, em junho de 2004, em Istambul foi realizada uma cúpula da OTAN onde foi discutida a ideia de expandir os limites da operação mediterrânica Operation Active Endeavour e da inclusão nela da região do mar Negro. Felizmente, tudo não passou de uma ideia. Mas os norte-americanos não se resignaram e têm levantado esta questão mal aparece uma oportunidade. Em 2008, durante a guerra russo-georgiana, os norte-americanos queriam de novo entrar no mar Negro. No entanto, a Turquia não permitiu que isso acontecesse, citando a Convenção de Montreux. Além disso, os turcos, em sua resposta aos norte-americanos, ressaltaram que a segurança da região é garantida integralmente pelos esforços dos países do mar Negro no âmbito da Blackseafor. Mas os norte-americanos continuam a procurar qualquer oportunidade de trazer os seus navios ao mar Negro, pois o mar Negro permite o controle sobre o norte do Cáucaso. A política dos EUA no mar Negro é baseada principalmente na contenção da Rússia através de seu cerco.

A Turquia, sendo um membro da OTAN, às vezes é forçada a agir a mando dos Estados Unidos, que, aproveitando-se de crise ucraniana, estão tentando estabelecer sua presença militar no mar Negro. Em face da crise na Ucrânia, os exercícios regulares Breeze 2014 são abertamente “intimidantes”.

O que perderam os Estados Unidos da América nas águas do mar Negro? O que têm eles a ver com a região do mar Negro? Nada. Nestes exercícios vê-se um único propósito: conter a Rússia. A Turquia não devia ter participado nisso”.

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